Por Jordana Vieira/ Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)

As políticas públicas que incentivam a realização de testagem para infecções congênitas durante o pré-natal promovidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tiveram sua eficácia afirmada no artigo intitulado “Frequência da deficiência auditiva relacionada às infecções congênitas: estudo transversal retrospectivo”, um dos produtos da dissertação de mestrado da pesquisadora do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Laise Caroba da Silva.

O trabalho foi baseado em um estudo retrospectivo do banco de dados desta instituição, com o objetivo de verificar se os indicadores de risco de infecções congênitas nas crianças de 0 a 3 anos atendidas no período de 2011 a 2019 no serviço público, implicam na frequência da deficiência auditiva. Ou seja, analisar se a partir da identificação de infecções congênitas, como sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola, entre outras, no paciente, viria a confirmação do diagnóstico de deficiência auditiva ao final do exame audiológico completo. Toda a pesquisa foi realizada em um dos Centros de Reabilitação Auditiva do SUS, no RN, e contou com a participação dos pesquisadores  Ana Cláudia Florêncio Calife, Dyego Leandro Bezerra de Souza e Sheila Andreoli Balen

No artigo destaca-se que aproximadamente 466 milhões de pessoas no mundo convivem com a deficiência auditiva, sendo 432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças. A deficiência auditiva pode ser ocasionada por fatores genéticos, congênitos ou adquiridos e pode estar presente no nascimento do bebê ou ser desencadeada após o nascimento. Apesar de grave, essa condição pode ser evitada, o que reforça a necessidade de estudos que visam saber as causas e como isso ainda acontece no Brasil.

A partir dos dados encontrados ao longo da pesquisa, foi detectado um maior número de relatos constatando a presença da infecção da sífilis congênita. Apesar disso, não foi encontrada nenhuma confirmação de deficiência auditiva nesses casos. Por outro lado, os pesquisadores perceberam uma proporção significativa de crianças com citomegalovírus congênito e com deficiência auditiva. “Vale ressaltar que esse tipo de infecção ainda é  subnotificada no Brasil, já que não existe uma recomendação médica no SUS para que seja feita a testagem durante a gestação”, alertam os pesquisadores no artigo.

De acordo com a fonoaudióloga e pesquisadora do LAIS/UFRN, Sheila Balen, esses dados  asseguram a importância das políticas públicas de testagem para infecções durante o pré-natal presentes no SUS, “isso evidencia que eventualmente a política pública, onde mães com sífilis congênita são obrigatoriamente testadas para sífilis e consequentemente os bebês são identificados e tratados, felizmente nós não temos o desfecho da deficiência auditiva presente na sífilis congênita, e que por outro lado, o citomegalovírus que não tem uma política pública de testagem direta ou indireta, a gente já tem uma ocorrência maior de deficiência auditiva”, destacou a pesquisadora.

Publicação do artigo
O estudo foi publicado na Revista Distúrbios da Comunicação, veículo nacional que tem o objetivo de divulgar avanços científicos e tecnológicos da Fonoaudiologia e áreas afins, assim, fornecendo fundamentação teórica e atualização aos profissionais e estudantes deste campo. O artigo pode ser acessado por meio do link <https://doi.org/10.23925/2176-2724.2023v35i2e59932>.

Como citar o artigo
Silva, L. C. da ., Calife, A. C. F. ., Souza, D. L. B. de ., & Balen, S. A. (2023). Frequência da deficiência auditiva relacionada as infecções congênitas:: estudo transversal retrospectivo. Distúrbios Da Comunicação, 35(2), e59932. https://doi.org/10.23925/2176-2724.2023v35i2e59932