Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN
Em Parauapebas, cidade do sudeste paraense, conhecida como a Capital Nacional do Minério, em decorrência da grande concentração de jazidas de ferro, ouro e manganês, a preocupação com o enfrentamento à sífilis também é considerada preciosa. Pensando nisso, a Secretaria Municipal de Saúde de Parauapebas/PA, com apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Pará, promoveu, nos dias 25, 26 e 27 de abril de 2023, o “Treinamento sobre a Linha do Cuidado da Transmissão da Sífilis”. Os pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), André Noronha e Jailton Paiva, estiveram entre os palestrantes.
Na bagagem, eles levaram muitas informações sobre a Plataforma Salus, que realiza o monitoramento inteligente dos casos de sífilis, com ênfase às notificações de sífilis congênita. Dois dias da programação foram reservados para que fossem apresentadas as principais funcionalidades do sistema aos cerca de 200 profissionais, dentre eles, médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. O auditório do Centro Universitário de Parauapebas, local do evento, se transformou em uma grande sala de aula, onde os presentes puderam tirar todas as dúvidas sobre essa tecnologia que, em breve, estará à disposição deles.
É que o município de 271 mil habitantes aderiu à implantação do Salus nas rotinas das unidades de saúde. De acordo com Charliana Aragão, responsável técnica pela Política de Eliminação da Transmissão Vertical da Sífilis no Pará, o Governo do Estado já manifestou interesse de implementar essa solução digital em todos os 144 municípios paraenses, o que, segundo ela, representará um importante avanço em relação ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) usado pelo Ministério da Saúde.
Para a estudiosa sobre a temática sífilis congênita, “é difícil no SINAN, por falta de atualização das fichas de notificação, a gente fazer a gestão do caso, saber a realidade, saber se não estão notificando crianças expostas que não deveriam estar sendo notificadas e o próprio sistema Salus ajuda os profissionais a identificar, baseado no PCDT”, disse Charliana que fez questão de qualificar a plataforma desenvolvida no âmbito do Projeto “Sífilis Não” como “uma ferramenta didática”.
A Supervisora da Rede Materna e Infantil de Parauapebas/PA, Lorene Lisboa, falou sobre a expectativa da mudança de cenário com a introdução da plataforma Salus na rede municipal de saúde: “ela vai, com certeza, diminuir nossos indicadores negativos, a gente está hoje com um índice alto de transmissão vertical da sífilis por falta de dados, então, ela vem para somar com a nossa linha de cuidado”. Um outro ponto que foi destacado ao longo do treinamento foi a peculiaridade das cidades da Região Amazônica, com a presença da população indígena entre os pacientes e a necessidade da criação de um campo de identificação específico na hora de gerenciar os casos.
No município paraense, por exemplo, existem muitos integrantes da Etnia Xikrin que podem ser devidamente identificados, no momento da notificação, por conta da integração com a base de dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Para os pesquisadores André Noronha e Jailton Paiva, é esse contato, com quem atua na ponta, que faz com que o sistema atenda as reais necessidades dos profissionais e da população de cada lugar, sendo customizado conforme as demandas levantadas nesses momentos de discussão e de aprendizado.