Em vigência desde 2019, a cooperação científica internacional entre Brasil e Canadá vem surtindo efeitos positivos no tocante a mineração e tratamento dados relacionados ao Projeto Sífilis Não. O mais recente resultado é uma publicação no BMC Public Health, jornal científico do Reino Unido, de um artigo produzido por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) e Universidade de Athabasca, no Canadá, ambas instituições responsáveis pela cooperação internacional.
Entre os autores do trabalho estão o professor da Universidade de Athabasca, no Canada, Vivekanandan Kumar; o diretor do LAIS, professor Ricardo Valentim; Rafael de Morais Pinto, da UFRN, Thaísa Lima, assessora do Ministério da Saúde do Brasil, Carlos Alberto de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Cristine Martins Gomes de Gusmão, Universidade Federal de Pernambuco; Jailton Carlos de Paiva, Instituto Federal do Rio Grande do Norte, e o Dr. Ion de Andrade, da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Norte. Além dos pesquisadores do LAIS, a professora da UFRN, Lyrene Fernandes, também colaborou com o trabalho.
Para o diretor do LAIS, publicações como esta prestam uma importante contribuição para a saúde pública global, principalmente no tocante a informações que podem ser replicadas por todo o mundo.
Já o pesquisador Rafael Pinto, responsável pelo trabalho que desencadeou o artigo, ressalta que os resultados obtidos só foram possíveis por conta da cooperação internacional existente entre os dois países.
Leia, abaixo, a entrevista do pesquisador Rafael Pinto sobre o artigo “Analyzing the reach of public health campaigns based on multidimensional aspects: the case of the syphilis epidemic in Brazil”.
1 – Qual o objetivo principal e a importância do trabalho desenvolvido?
Este trabalho teve como objetivo apresentar uma análise exploratória e descritiva dos dados relacionados à Sífilis, considerando três dimensões da Agenda Nacional de Ações Estratégicas para Redução da Sífilis no Brasil: comunicação, educação e vigilância epidemiológica. É um importante estudo, pois visa englobar múltiplas dimensões para se ter a ideia do alcance do Projeto “Sífilis Não!” em diferentes perspectivas, além de explanar os resultados alcançados quando comparamos o período entre 2015 e 2019, ou seja, antes e após o projeto.
2 – Qual o processo de trabalho até chegar a esses resultados?
Para conseguirmos concluir esse trabalho, fizemos um planejamento onde foi necessário mapear quais dados estavam disponíveis para análise, como obter esses dados, considerando que são dados completamente heterogêneos. Para isso, tivemos que verificar qual a melhor forma de processá-los e apresentá-los, através de uma visualização gráfica, para as partes interessadas neste resultado. Seja a comunidade acadêmica, seja os implementadores do projeto. Para alcançarmos esse resultado, também foi necessário a implementação de um software denominado Hermes. Isto servirá para reaproveitarmos a expertise adquirida ao analisar futuras intervenções em políticas públicas através de diferentes perspectivas.
3 – Como a cooperação com o Canadá auxiliou no desenvolvimento deste trabalho?
A cooperação auxiliou no sentido de dialogarmos diretamente com professores com expertise em análise de dados e direcionar para as melhores abordagens. Também foi nesse tempo que fizemos uma revisão sistemática da literatura, a fim de identificar as atuais tendências e limitações de práticas para análise desses dados. Foi neste aspecto que percebemos que poucos estudos se preocupam com a multidisciplinaridade dos dados, tratamento e resultados em uma plataforma única, passível de novas análise (como no Hermes). Aspecto este inovador na perspectiva da gestão das políticas de saúde pública, em especial quando se trata das agendas de promoção à saúde, como no caso da campanha publicitária do projeto “Sífilis Não!”.
4 – Qual a importância dessa publicação?
Essa publicação chancela todo o esforço que nós pesquisadores fizemos no intuito de entender, analisar e discutir o alcance de uma intervenção em saúde pública. O artigo foi aceito para publicação na Revista Científica BMC Public Health – Springer Nature,. Esta conceituada revista é um periódico de acesso aberto e revisado por pares que considera artigos sobre epidemiologia de doenças e a compreensão de todos os aspectos da saúde pública. A revista tem um enfoque especial nas determinantes sociais da saúde, nos correlatos ambientais, comportamentais e ocupacionais de saúde e doença, e no impacto das políticas públicas de saúde, práticas e intervenções de saúde na comunidade. A revista trata-se de um periódico considerado de alto nível pelo estrato da CAPES, com classificação (Qualis) A2.