Por Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS (ASCOM/LAIS)

Ao completar mais de sete anos de cooperações internacionais, com instituições de diversos países, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) renova e amplia suas parcerias com a Universidade de Coimbra, a Universidade Aberta de Portugal e com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. Todas as cooperações têm por finalidade principal a execução de projetos realizados pelo LAIS em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil, nos campos de formação humana, pesquisa e inovação em saúde, auditoria no Sistema Único de Saúde do Brasil e, mais recentemente, na área de Economia da Saúde.

Por meio da nova cooperação, especificamente com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad), serão abertas possibilidades de intercâmbio de estudantes de mestrado, doutorado e pesquisadores em estágio pós-doutoral, além de pesquisadores ad hoc (com reconhecida competência em sua área de atuação) na área de computação e ciência de dados. Com isso, cria-se a possibilidade cooperação entre pesquisadores em biologia molecular, uma das principais áreas de atuação da Utad. As pesquisas terão como tema, prioritariamente, inteligência artificial, interoperabilidade de sistemas, visualização de grandes volumes de dados para indução de políticas públicas, literacia digital em saúde, produção de dados e indicadores em saúde com personalização de subsistemas para gestão e acompanhamento de casos, transformação digital da saúde e desenvolvimento de novos métodos diagnóstico.

Durante a visita à Utad, o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, reconheceu diversos pontos de afinidade entre as duas instituições, por meio dos projetos hoje desenvolvidos pelo Laboratório brasileiro. “Temos projetos como o Osseus, para diagnóstico de osteoporose; e o MiRNA, para o diagnóstico do câncer de colo do útero, de mama e de próstata, que  são muito próximos das pesquisas realizadas, o que nos abre possibilidades importantes nas cooperações”, ressaltou.

Na ocasião, os pesquisadores brasileiros conheceram a Escola Superior de Saúde e grupos de pesquisa que foram escolhidos pelo Professor Hugo Paredes, pesquisador da instituição portuguesa, e de todas as áreas de pesquisa. Assim como no LAIS, os grupos estão sempre em busca de financiar novos projetos e de fortalecer suas redes de pesquisa no âmbito internacional – aspecto considerado importante não apenas para os pesquisadores mas também para as nações, por isso, o Brasil, desde o início deste ano, tenta fortalecer suas cooperações com outros países.

Na área da ciência da computação, também há possibilidade de cooperações com o uso da inteligência artificial para medição das experiências do usuário. Nessa área, o LAIS tem larga experiência, com ferramentas como o Regula RN e RN Mais Vacina, criadas durante para o enfrentamento da covid-19 e que foram implementadas definitivamente no sistema de saúde potiguar. Além disso, o Projeto “Sífilis Não” tem diversas publicações científicas nessa área, e tem contribuído para colocar o Brasil na vanguarda da pesquisa dessa temática no mundo.

Um aspecto observado durante a missão é que as pesquisas desenvolvidas na universidade portuguesa são, em grande parte, desenvolvidas com financiamento público, porém, dados os arranjos produtivos locais, o setor privado também financia pesquisas importantes. “Outro ponto relevante, é que durante a pandemia de covid-19, os grupos de pesquisa da Utad tiveram uma atuação importante contra o coronavírus, assim como o LAIS, no Brasil”, enfatizou Thaisa Lima, pesquisadora e integrante da comitiva brasileira.

Universidade Aberta
Os pesquisadores também estiveram reunidos com a reitora e pesquisadores da Universidade Aberta de Portugal (UAb), e com pesquisadores da Universidade de Coimbra. Durante as reuniões, foi acertada a continuidade das cooperações internacionais entre o LAIS e as duas universidades portuguesas.

Na UAb, o diálogo foi em torno da renovação das cooperações, particularmente, sobre um novo plano de trabalho que tem como foco auditoria, controle, monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS).  As ações serão direcionadas para o projeto que o LAIS desenvolve conjuntamente com o Ministério da Saúde, visando ao fortalecimento do sistema nacional de auditoria. Ao todo, serão desenvolvidos cinco doutoramentos nessa área, o que possibilita a mobilidade de pesquisadores, atuando com a Universidade Aberta da Catalunha, na Espanha. “Haverá uma triangulação de cooperação entre Brasil, Portugal e Espanha com impacto positivo no sistema nacional de auditoria e nas pesquisas que estão sendo feitas e o fortalecimento das cooperações internacionais. Certamente essas cooperações vão render muito mais, especialmente no campo da saúde digital”, confirmou Valentim.

Em um segundo momento na UAb, as reuniões giraram em torno da avaliação do impacto da formação humana nos serviços de saúde. Esse trabalho, que hoje é uma das principais expertises do LAIS, foi desenvolvido com o Laboratório de Educação a Distância e E-Learning (LE@D).

O LE@D, que desenvolve pesquisas sobre Learning Analitic – análise de dados na parte da educação, será parceiro do LAIS em mais uma fase de estudos necessários para avaliar os impactos da educação em saúde no Brasil. A proposta é unir a experiência de análise de dados em educação em saúde para avaliação de impacto da formação humana com mediação tecnológica. Para fortalecer essa pesquisa, serão desenvolvidos dois doutoramentos, além da possibilidade de estágios pós-doutorais. O Brasil entra em um processo de avaliação de impacto da educação permanente em saúde e o grupo que tem se destacado nessa área no país é o de pesquisadores do LAIS.

Coimbra
Já com a Universidade de Coimbra, a cooperação continuará sendo realizada pelo Centro de Informática e Sistemas (Cisuc) e pelo Centro de Estudos Interdisciplinares (Ceis 20). As reuniões foram pautadas sobre novas pesquisas com o uso de inteligência artificial no desenvolvimento de tecnologia direcionada para o diagnóstico, por meio de projetos como o projeto Osseus e o RevELA, além da conclusão de doutorados do Projeto “Sífilis Não”. Entre os resultados já alcançados está a publicação de artigo científico em revista do grupo Nature, periódico de relevância internacional na área da saúde.

Ciência da Comunicação
Outra cooperação internacional renovada pelo LAIS foi com a Faculdade de Ciências da Comunicação Social da Universidade Pontifícia Salesiana, de Roma, na Itália. A renovação gira em torno de ações com o Projeto RevELA, direcionado para o desenvolvimento de tecnologias para a melhoria da qualidade de vida do paciente com esclerose lateral amiotrófica (ELA).

As reuniões na Itália ocorreram com o professor Fábio Pasqualetti, decano da Faculdade, com os pesquisadores do Lais Juciano Lacerda, Higor Moraes e Felipe Fernandes, sendo este último aluno de doutorado no LAIS na área de inteligência artificial e esclerose lateral amiotrófica.

Ainda referente ao RevELA, o pesquisador Higor Moraes tratou da aplicação da Telessaúde para atendimento aos pacientes, dos registros de dados pessoais de cada pessoa atendida e da segurança e preservação desses dados. A Telessaúde desenvolvida pelo LAIS contribuiu de forma relevante para o cuidado dos pacientes com ELA em todo o RN durante a pandemia de covid-19, principalmente porque os pacientes tinham restrições em relação ao deslocamento e à exposição a vírus em virtude de suas condições de saúde.

Outros projetos do LAIS foram debatidos, como a plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (Avasus), seu modelo exitoso de educação massiva em saúde por meio da mediação tecnológica, com o quantitativo de registros e matrículas de suas trilhas formativas. “Também informamos sobre o interesse de nossos pesquisadores em investigar o impacto da formação humana em saúde via Avasus nas políticas públicas de saúde do Brasil”, afirmou Juciano Lacerda.

De acordo com Lacerda, essas discussões foram importantes para a construção de um novo plano de trabalho e a renovação do acordo de cooperação. “Também avaliamos a possibilidade de trabalharmos juntos aspectos da Educomunicação e da linguagem audiovisual na divulgação da ciência produzida pelo LAIS”, finalizou.