Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN

Ao todo, 1.350 municípios brasileiros já aderiram a plataforma Salus 2.0, uma ferramenta de gestão de casos de sífilis em todo o Brasil. A eficácia da ferramenta, comprovada na prática, agora foi chancelada pela publicação de um artigo científico, em periódico internacional de relevância, na área da saúde. A autoria do trabalho é de um grupo de pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), responsável pela construção e implementação dos Salus em todo país. O Salus é mais uma ferramenta oriunda do Projeto “Sífilis Não!”, uma parceria entre o LAIS/UFRN, Ministério da Saúde e Organização Pan Americana de Saúde (OPAS).

Com o título “A Digital Health Solution Tool for Managing Syphilis Cases in Brazil— A Comparative analysis” (Plataforma Salus: uma ferramenta de solução de saúde digital para gerenciamento de casos de sífilis no Brasil – uma análise comparativa), a publicação foi feita na International Journal of Environmental Research and Public Health.

De acordo com o estudo, o Salus tem funcionalidades que superam os demais sistemas relacionados à resposta à sífilis existentes no país, atendendo às demandas de gestão de processos do SUS de forma mais eficiente. “Ao mesmo tempo, discutiu-se que os atuais sistemas de informação não cumprem o propósito para o qual foram desenvolvidos”, ressaltou Thaisa Lima, uma das autoras.

A pesquisadora ainda explicou que  atualmente os sistemas existentes  contribuem para a fragmentação dos dados e das informações de saúde, causando atrasos no diagnóstico, gerenciamento incompleto de casos e perda de dados, devido a inconsistências e relatórios inadequados.

Outros fatores analisados também influenciam na perda de dados fundamentais para o enfrentamento à sífilis, conforme explica Cintia Honorato, pesquisadora do LAIS.  “Os sistemas existentes atualmente não tem interligação das ações da vigilância, com a atenção primária à saúde e não alcançam responder às atuais necessidades do SUS. Na publicação, concluiu-se que todos esses fatores podem estar obscurecendo dados precisos sobre a sífilis no Brasil e comprometendo a transparência da gestão e controle do agravo”, alertou.

Para o diretor executivo do LAIS, Ricardo Valentim, o Salus é mais uma contribuição importante do Projeto “Sífilis Não” para o Sistema Único de Saúde, uma vez que a ferramenta tem inúmeras funcionalidades que preenchem lacunas, hoje existentes, no SUS. “Essas lacunas implicam na demora no atendimento das demandas, na realização dos acompanhamentos terapêuticos de rotina, além da interferência no acompanhamento da vigilância epidemiológica dos agravos, de maneira integrada com as ações de atenção primária em saúde”, finalizou Valentim.

O que é o Salus

É uma plataforma digital de vigilância epidemiológica que realiza o processamento e a curadoria dos dados da base do e-SUS VE, possibilitando a consulta de maneira integrada por profissionais da rede pública de saúde sobre informações de pacientes diagnosticados com sífilis. Com acesso integrado e unificado de informações, direcionando o manejo correto do paciente com celeridade no atendimento e acompanhamento.

O sistema Salus consegue resolver um dos principais problemas de gestão em saúde, usando um modelo baseado em níveis de atenção, estabelecendo uma ponte de comunicação entre a Atenção Primária e a Vigilância em Saúde. Possibilitando acesso a dados de interesse da Atenção primária que são gerados pela Vigilância como boletins epidemiológicos 100% configuráveis. Com isso permite ao gestor público ter uma visão global da situação de saúde do seu estado ou município no tocante as situações epidemiológicas.

Link para o artigo: https://www.mdpi.com/1660-4601/20/7/5258/htm

Autores:

Talita Brito , Thaísa Lima , Aliete Cunha-Oliveira , André Noronha , Cintia Brito , Fernando Farias , Sedir Morais , Jailton Paiva , Cintia Honorato , Paulo Queirós , Sagrario Gómez-Cantarino , Márcia Lucena  e Ricardo Valentim