Por Jordana Vieira / Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN

Na trajetória educacional de um adolescente, marcada por muitas horas na sala de aula sem contato próximo com os seus responsáveis, o professor se torna a principal fonte de orientação e referência do jovem. É nesse contexto e pensando na formação do professor no âmbito das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), que nasce o artigo “A Educação em Sexualidade no Ensino Fundamental: A visão do Professor da Escola Pública de Natal”, desenvolvido pelas pesquisadoras do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Valéria Credidio, Cristina Pereira Vieira e Eloiza Gomes.

O artigo foi publicado recentemente, no ebook que resultou do IX Congresso Nacional de Educação – CONEDU. O estudo é um recorte da tese de doutorado da pesquisadora Valéria Credidio, defendida em junho de 2023, realizada no âmbito do programa de doutorado de Sustentabilidade Social e Desenvolvimento, da Universidade Aberta de Portugal. A pesquisa tem uma grande relevância no que diz respeito à formação de professores do ensino fundamental das escolas públicas do Brasil, para tratar a questão das IST com os estudantes, considerados uma população chave na prevenção dessas doenças.

Executado em uma parceria entre a instituição portuguesa e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por meio do LAIS/UFRN, o processo de doutoramento é parte integrante do Projeto “Sífilis Não”, tendo, entre outros atores, a atuação direta do Ministério da Saúde do Brasil e da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). 

O Brasil vive uma pandemia de sífilis desde 2016, reconhecida oficialmente pelo governo federal e a partir de 2018, ações direcionadas para comunicação e educação da população começaram a ser desenvolvidas a fim de alertar e conscientizar quanto às consequências da sífilis e à possibilidade de prevenção, testagem e cura, sendo o Projeto “Sífilis Não” uma dessas iniciativas.

Nesse cenário, a escola é um ambiente de troca de conhecimentos e experiências entre adolescentes, em que o professor age como um mediador, além de contribuir ativamente na transformação dos atos desses jovens. O estudo pretendeu solucionar questionamentos sobre a preparação e qualificação dos educadores para desempenhar esse papel crucial.

Na visão da jornalista e pedagoga Valéria Credidio, há um tabu em torno do assunto e por isso, a discussão com os participantes se tornou desafiadora. “Foi uma pesquisa difícil porque é um tema delicado que as pessoas ainda têm muito preconceito em trabalhar, mas é um tema necessário, faz parte da vida de qualquer ser humano. E a escola tem um papel social extremamente importante, e o professor é o principal ator nessa ação toda” A pesquisadora ainda ressaltou que foi fundamental conhecer o olhar que esse professor tem, até onde vai o conhecimento dele sobre a educação sexual, sobre as questões da sexualidade do adolescente, que é o público que ele trabalha. “O professor é o adulto de referência para os adolescentes e também é a fonte mais qualificada para tratar de temas como este. Por isso precisamos de formações efetivas e apoio aos docentes”,enfatiza a pesquisadora.

Para Ricardo Valentim, professor e diretor executivo do LAIS/UFRN, a tese da pesquisadora tem um papel importante no incentivo à prevenção de IST na população jovem. “O estudo é muito importante para a formação de professores da educação pública, especificamente do ensino fundamental e médio, para tratar de temas importantes, como a questão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e da prevenção em um público extremamente importante, que são os jovens e adolescentes”, afirma.

A professora e pesquisadora do LAIS/UFRN, Aline Pinho, integrou a banca de doutorado de Valéria Credidio e manteve um diálogo importante com a pesquisadora durante a construção do trabalho. Para ela, o estudo é extremamente necessário para o Projeto “Sífilis Não”, além de enriquecer discussões nas áreas da saúde, educação e comunicação. “O tema é importantíssimo e traz uma grande contribuição para a gente pensar sobre saúde sexual do adolescente e nas necessidades que a gente tem na formação desses professores em relação a esse assunto”, finaliza.