Por Jordana Vieira e Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN
A partir de hoje, a equipe de Comunicação do LAIS apresenta uma série de matérias sobre como a Agenda 2030 da ONU faz parte das iniciativas construídas por seus pesquisadores ao longo dos 15 anos de existência. Convidamos todos a conhecerem um pouco mais sobre os nossos principais projetos e como cada um deles vem contribuindo para transformações sociais.
Saúde, inovação tecnológica, educação e comunicação. Essas são algumas áreas de atuação do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) em diversos projetos desenvolvidos em parcerias institucionais com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Governo Federal do Brasil, além de instituições internacionais, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e a Universidade de Coimbra, em Portugal.
Os projetos, que têm sempre a ciência humanitária e a melhoria da qualidade de vida da população como focos centrais, são permeados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organizações das Nações Unidas (ONU), da qual a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é signatária.
A UFRN como instituição pública de ensino superior, desenvolve sua atuação com base em valores que articulam conhecimento, responsabilidade social e sustentabilidade, como é reforçado pela tecnóloga em Gestão Pública da Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan/UFRN), Mariana Melo, “ser signatária da Agenda 2030 representa, para a UFRN, o fortalecimento de sua missão institucional, que expressa de forma clara e consistente, o compromisso com a sustentabilidade socioambiental e a promoção da justiça social. Essa adesão também projeta a Universidade como uma instituição pública alinhada às diretrizes e práticas internacionais de responsabilidade socioambiental, ampliando sua relevância, visibilidade e capacidade de impacto no contexto local e regional”, afirma.
A Agenda 2030 é um plano de ação global da ONU que estabelece 17 ODS e 169 metas para alcançar um futuro mais sustentável até o ano de 2030. Este plano visa erradicar a pobreza, promover vida digna para todos e proteger o planeta, garantindo que ninguém seja deixado para trás. A Agenda 2023 tem uma interligação bastante forte com o Brasil. Além do país ser signatário, foi aqui, durante a Rio + 2020, ocorrida em 2012, que a Agenda começou a ser discutida.
O interessante é perceber que o LAIS, desde a sua criação, em 2010, já atuava nessa linha de trabalho, e a Agenda da ONU é uma proposta formulada no ano de 2015, cinco anos após o surgimento do LAIS. “Sempre trabalhamos pensando na sustentabilidade, no desenvolvimento das pessoas, na saúde de qualidade, havendo uma forte ligação com as propostas elaboradas pela ONU”, ressaltou o diretor executivo do LAIS, Ricardo Valentim.
Um exemplo dessa interligação é o Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS), que é resultado de uma cooperação entre o Ministério da Saúde e o LAIS, consolidando-se como a terceira maior plataforma de formação humana em saúde do mundo e a maior do Brasil. Atualmente, o AVASUS conta com mais de 3 milhões e meio de inscritos para as suas trilhas formativas. A plataforma também oferece mais de 400 cursos ativos e contabiliza mais de 2 milhões e meio de usuários com direito a certificação.
Ao oferecer a formação continuada, o AVASUS atende diversos ODS previstos na Agenda 2030. De acordo com a análise realizada por Manoel Romão, pesquisador do LAIS, dos 17 objetivos propostos, a plataforma colabora com a promoção do ODS 3 (Saúde e bem-estar) e do ODS 4 (Educação de qualidade) ao oferecer formação gratuita e de qualidade para profissionais do SUS em todo o Brasil. Um tema que será abordado de maneira específica nas próximas reportagens desta série.
Além disso, também promove o ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico) e o ODS 10 (Redução das desigualdades). Romão ainda acrescenta, “ao ser fruto de parcerias entre instituições públicas, universidades e organismos internacionais, o AVASUS também fortalece o ODS 16 (Paz, justiça e instituições eficazes) e materializa o ODS 17 (Parcerias e meios de implementação), sendo uma política pública digital que amplia acesso, reduz desigualdades e contribui com a transformação institucional”.
Vidas Salvas
Em um dos momentos de maior tensão da população mundial nos últimos anos, a pandemia de covid-19, a atuação do LAIS foi indispensável para o enfrentamento à doença e, principalmente, para salvar vidas. Por meio das tecnologias criadas e colocadas à disposição das autoridades sanitárias, o Laboratório criou um ecossistema tecnológico responsável pela regulação de leitos críticos e clínicos, o RegulaRN.
A plataforma, que continua funcionando em toda a rede SUS do Rio Grande do Norte, garantiu a agilidade necessária para o atendimento dos pacientes, levando em conta as especificidades de cada um, como a gravidade da situação, idade, entre outros parâmetros. O servidor público, Adelmario Silva Costa, foi um dos pacientes salvos pelo Regula RN.
Costa foi diagnosticado com covid-19, em fevereiro de 2021 e chegou a ficar com o 50% do pulmão comprometido. Mas, por meio da plataforma desenvolvida por pesquisadores do LAIS/UFRN em parceria com a Sesap/RN, o Regula RN, Adelmario conseguiu um leito hospitalar para o tratamento da doença. De acordo com ele, o tratamento só foi possível graças a plataforma, “é um trabalho muito importante, eu procurei tratamento na rede privada, mas sabia que estava bem cheio e eu encontrei no setor público, através do Regula RN. Dá uma esperança maior para quem está precisando desses leitos, dessa atenção na área da saúde. E é muito bom poder contar com trabalho de profissionais como esses”, complementa.
Outra plataforma criada durante a pandemia e que continua à disposição da sociedade é o RN Mais Vacina, responsável pela logística de recebimento, armazenamento, distribuição com as unidades de saúde e aplicação dos imunizantes em toda a população. “Em um momento de extrema tensão e falta de vacinas, o RN Mais Vacina foi fundamental para organizar, de forma transparente e equânime, o processo de vacinação das pessoas”, lembrou Valentim.
Atualmente, o RN Mais Vacina ampliou seu escopo, fortalecendo a Campanha Nacional de Imunização e monitorando as principais vacinas que precisam ser ministradas na população, incluindo em tempo real os números da cobertura vacinal da influenza no estado do Rio Grande do Norte. Durante o ano de 2024, dados relacionados a outras campanhas de vacinação também já foram registrados, como é o caso da poliomielite, hepatites A e B, BCG, varicela, febre amarela, tríplice viral, pentavalente, rotavírus e dengue.
Em cada uma dessas iniciativas, estão envolvidas equipes interdisciplinares, com profissionais pesquisadores das áreas da saúde, tecnologia, engenharia biomédica, comunicação, educação, entre outros. Em cada uma delas, existe a presença dos ODS e das metas propostas pela Agenda 2030, como é dito pelo pesquisador Manoel Romão, “a transdisciplinaridade da equipe do LAIS é uma das chaves para seu impacto na Agenda 2030. Os desafios que enfrentamos — como a sífilis congênita, a subnotificação de doenças raras, o cuidado às pessoas privadas de liberdade ou a qualificação da força de trabalho em saúde — exigem abordagens integradas entre saúde, tecnologia, educação, ciências sociais e políticas públicas. Essa composição permite desenvolver soluções que promovem: o ODS 3, o ODS 4, o ODS 8, o ODS 10, o ODS 16 e o ODS 17. E tudo isso só é possível porque o LAIS aposta na colaboração, na escuta ativa de diferentes saberes e na articulação interinstitucional”, finaliza.
Acompanhe as plataformas do LAIS para saber mais sobre a Agenda 2030 e como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão sendo executados por este grupo de pesquisadores do Rio Grande do Norte. Vamos ampliar o diálogo sobre ciência, saúde e transformação social!