Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN
O imponente prédio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), no centro histórico da capital paulista, foi construído na década de 1930. Dos bancos acadêmicos da Faculdade, a primeira instituição a integrar a USP, surgiram importantes movimentos políticos brasileiros que vão desde o “Abolicionismo”, passando pelo “Movimento Republicano”, até chegar às “Diretas Já!”. O espaço, que transpira história, abrigou, na última sexta-feira (11), uma discussão que deverá impactar as futuras gerações: “Inovação e novas tecnologias para a gestão e o controle externo em cidades inteligentes”.
A temática foi debatida na primeira edição de um seminário internacional coordenado pelo Grupo de Pesquisas “Smart Cities”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP), e pelo Instituto Rui Barbosa. O diretor executivo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim, recebeu a honraria de ministrar a palestra de encerramento do evento que reuniu, presencial e remotamente, integrantes dos Tribunais de Contas de todo o Brasil. Valentim abordou o tema “Auditoria do SUS: a necessidade de uma nova geração de sistema de informação em saúde”.
Em sua fala, o diretor executivo do LAIS/UFRN destacou o trabalho realizado, em colaboração com órgãos de controle externo no Rio Grande do Norte, para a implementação de plataformas, como “Regula RN” e “Fiscaliza RN”, usadas na regulação de leitos hospitalares e fiscalização dos gastos públicos, durante a pandemia da covid-19. “O LAIS/UFRN quer levar para todo o país as expertises no desenvolvimento de ferramentas que dão mais transparência aos investimentos feitos no Sistema Único de Saúde, entendemos que as pessoas, que inserem dados nesses ambientes, devem ser responsabilizadas pelas informações publicadas”, enfatizou.
Recentemente, um relatório produzido por pesquisadores do LAIS/UFRN, em cooperação técnica com o Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte e com a Auditoria do Sistema Único de Saúde (AudSUS), apontou que municípios potiguares beneficiados com emendas do relator RP9, o chamado orçamento secreto, registraram uma quantidade de procedimentos de saúde que ultrapassaram, em níveis exorbitantes, o número de habitantes desses lugares. “Esse é um dos exemplos de como a tecnologia pode auxiliar para detectar indícios de fraude e criar alertas para os gestores públicos de saúde e os órgãos de controle”, esclareceu Ricardo Valentim.
Na penúltima palestra do evento, o professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e pesquisador do LAIS/UFRN, Methanias Colaço Júnior, discutiu a “Inteligência artificial para combate à corrupção na compra de medicamentos” e deu exemplos de como uma padronização maior no uso de sistemas informacionais pode coibir prejuízos aos cofres públicos. “A qualidade dos dados disponíveis, nas bases brasileiras, impede o uso efetivo da inteligência artificial, mas, ao mesmo tempo, é preciso usar a inteligência artificial para corrigir esses problemas de qualidade”, afirmou.
Ao final do evento, a coordenadora do Seminário e professora da EACH/USP, Ana Carla Bliacheriene, anunciou o interesse do Grupo de Pesquisas “Smart Cities” em firmar uma parceria com o LAIS/UFRN, na área de novas tecnologias para o controle externo: “antes de chegarem os documentos para assinarmos, gostaria de dizer que a nossa parceria já iniciou aqui, com a participação do LAIS nesse evento”, destacou a docente da universidade paulista.