Por Letícia Meira – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN

“Ser pessoas trans no nosso país, ainda é uma sentença de morte, nós não temos garantia no cenário atual e esses eventos trazem essa importância do diálogo, da fraternidade, do amor, porque nós queremos apenas isso, viver na plenitude e ter os nossos corpos reconhecidos como cidadãos”. A forte declaração é de Jacqueline Brazil, pioneira do movimento de travestis e transexuais, no Rio Grande do Norte, e foi dada durante o II Seminário do Centro Municipal de Cidadania LGBTQIA+, que aborda a garantia dos direitos dessa população no âmbito da saúde mental.

O evento, realizado nesta quinta-feira (19), no Centro Municipal de Referência em Educação (CEMURE), em Natal/RN, discute como melhorar a saúde psicoemocional desses indivíduos marginalizados e, geralmente, rodeados por uma cultura de preconceito e violência. A ocasião contou com a participação de representantes do Poder Legislativo, do Governo do Estado e do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), que tem desenvolvido várias iniciativas para apoiar ações em defesa dos direitos dessa população vulnerável. 

Durante a mesa de abertura, o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, destacou o lema principal do laboratório “Nós fazemos da ciência um instrumento de amor ao próximo”, fazendo referência direta à necessidade de implementação das políticas públicas de saúde. O Laboratório tem destaque como um dos parceiros de várias instituições voltadas à população LGBT, dentre elas, o Fórum LGBT Potiguar e o Centro de Cidadania LGBT. “O LAIS traz o Projeto ‘Sífilis Não’ com o apoio, o suporte técnico e de logística para a nossa atividade, isso contribui ativamente para que nós tenhamos mais capacidade de aglutinar e capacitar mais pessoas.” relatou Wilson Dantas, coordenador do Fórum LGBT Potiguar e organizador do Seminário.

Para Brisa Bracchi, vereadora da Câmara Municipal de Natal/RN, as dificuldades enfrentadas pela população LGBTQIA+ no que se refere à saúde mental começam na convivência com a família. “As pessoas LGBT podem ter quadro de depressão, um quadro de ansiedade, porque muitas vezes, não aceitos em sua casa ou são ameaçados de serem expulsos para permanecerem em seus ambientes familiares, eles precisam esconder sua identidade de gênero ou orientação sexual”. Ela enfatizou a necessidade não apenas de combater, mas também de criar políticas públicas direcionadas à luta contra o preconceito e em favor da inclusão. 

O Seminário comemorou os 3 anos de atuação do Centro Municipal de Cidadania LGBT. Sérgio Cabral, coordenador do Centro, acredita que essa programação leva e dialoga pautas importantes com a sociedade. “É um momento de planejar futuras ações com essas parcerias que têm colaborado durante todo esse tempo”, finalizou. 

Sobre o Centro

O Centro Municipal de Cidadania LGBT, localizado em Natal/RN, é uma das principais redes de apoio e promoção da cidadania e dos direitos humanos da população LGBT potiguar. O órgão faz parte do Tripé da Cidadania LGBT, também composto pelo Conselho Municipal LGBT e o Ambulatório Transexual e Travesti (TT).