Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN
“Um Framework para Avaliação Multidimensional de Intervenções em Saúde Pública” é o título da tese de doutorado defendida, nesta sexta-feira (02), no auditório da Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (SEDIS/UFRN) pelo pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade, Rafael de Morais Pinto, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Computação da instituição.
Após cerca de cinco horas de apresentação e interações, a tese foi aprovada com louvor pelos membros da banca coordenada pelos professores Lyrene Fernandes Silva, do Departamento de Informática e Matemática Aplicada da UFRN (orientadora), e Ricardo Valentim, do Departamento de Engenharia Biomédica da UFRN e também diretor executivo do LAIS/UFRN (co-orientador). Entre os avaliadores estavam especialistas das áreas de sistemas de informação e de saúde púbica.
Para Ximena Pamela Díaz, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, o pesquisador Rafael Pinto foi capaz de criar o ambiente técnico favorável para realizar seus estudos em meio a uma diversidade de conhecimentos científicos e antropológicos. Para Lyane Ramalho, professora do Departamento de Saúde Coletiva da UFRN e secretária Adjunta de Saúde do Rio Grande do Norte, os sistemas de informação devem conversar para ajudar a resolver problemas de saúde pública e isso pode ser percebido no trabalho.
A pesquisa fomentou o desenvolvimento de um sistema denominado “Hermes” que possibilitou a avaliação de campanhas públicas de comunicação em saúde pelas dimensões da comunicação, dos dados epidemiológicos e da educação. Ela foi produzida no âmbito do Projeto “Sífilis Não”, a partir de janeiro de 2019, sendo fruto da cooperação técnica entre o LAIS/UFRN e a Universidade de Athabasca, no Canadá. “A emoção é imensa, o orgulho de poder colaborar com todo o mundo e gerar conhecimento que possa ser utilizado em diversas situações e por diversos públicos”, comentou a orientadora da pesquisa, Lyrene Fernandes, após a finalização da banca.
Para Ricardo Valentim, a tese conseguiu estabelecer o nexo de causalidade, ou seja, estabelecer a relação entre a causa e o efeito, comprovando que à medida que as notícias produzidas com qualidade sobre sífilis foram publicadas, mostrando os danos causados pela doença, aumentava o número de testes rápidos para diagnosticar a enfermidade, por exemplo. “É um trabalho que tem uma grande inserção para a indução de políticas públicas de saúde, principalmente, na hora de melhorar os investimentos em campanhas de saúde”, concluiu Ricardo Valentim.
Ao longo da produção do manuscrito, Rafael Pinto participou da elaboração de vários artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, como a The Lancet Américas, uma das principais publicações científicas do mundo que, em março de 2022, estampou na capa uma releitura da obra “A Herança”, do pintor norueguês Edvard Munch, para destacar um artigo sobre a análise de séries temporais interrompidas para a compreensão da epidemia de sífilis congênita no país.
Rafael Pinto avalia que a publicação nessa revista chancelou todo o esforço para a conclusão da pesquisa: “é uma satisfação enforme para quem presenciou, para quem participou, ver esse trabalho na capa da The Lancet”. Sobre o resultado de sua tese, ele enfatizou as várias colaborações que recebeu: “houve uma transdisciplinaridade e um aprendizado mútuo, com pesquisadores de outras áreas, como da área da comunicação, da saúde pública e na área da tecnologia, para mostrar essa análise de impacto do que o Projeto ‘Sífilis Não’ trouxe para a população”.