Encontro promovido pelo LAIS/UFRN e o CEIS20/UC aconteceu na Universidade de Coimbra entre os dias 27 e 28 de janeiro; pesquisadores alinharam próximos passos de cooperação entre países de língua portuguesa e espanhola

Discutir a importância de cooperações internacionais para o desenvolvimento conjunto da ciência em países de língua portuguesa e espanhola. Foi com esta perspectiva – e expectativa – que aconteceu entre os dias 27 e 28 de janeiro o seminário  “Seminário Internacional ‘Sífilis Não’ na Perspectiva da Formação Humana em Saúde: a pesquisa no espaço lusófono e ibérico”. A ação, realizada na Sala São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, em Portugal, reuniu pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20) da Universidade de Coimbra, de outras universidades da Europa e do Brasil, além de representantes dos Poderes Executivos de países da África de língua portuguesa.

O encontro foi o primeiro envolvendo todas as instituições de ensino superior de línguas portuguesa e espanhola envolvidos em cooperações internacionais do Projeto de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, também chamado projeto “Sífilis Não”. Na pauta do encontro, o cenário das ações de campo e de pesquisa desenvolvidas até aqui, bem como um panorama das metas a serem atingidas e também estabelecidas entre as partes.

Participante da mesa de abertura do evento, o embaixador de Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz, destacou a importância do projeto “Sífilis Não” e como ele se encaixa nas ideias de políticas públicas de saúde estabelecidas para os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Os estados membros da CPLP, desde 2008, começaram a divulgar uma plataforma de cooperação em saúde que é o PECS, o Plano Estratégico de Cooperação em Saúde. O PECS pretende ser a plataforma base que permite a cooperação de vários domínios entre os países de língua portuguesa. Esta iniciativa ‘Sífilis Não’ é um projeto que se encaixa perfeitamente nas prioridades do PECS e que tem a adesão de todos os estados membros. Portanto, não há dúvidas da importância e da valia deste projeto”, afirmou.

O seminário
A mesa de abertura do evento contou com autoridades da maioria dos países envolvidos. As principais falas foram dos presidentes da conferência, professores Ricardo Valentim (LAIS/UFRN) e António Rochette (CEIS20/UC), além reitora da Universidade Aberta de Portugal, Carla Padrel de Oliveira, e da vice-reitora da Universidade de Coimbra, Claudia Cavadas.

A conferência de abertura foi realizada pelo diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil, Gerson Pereira. O gestor falou sobre a importância do trabalho de cooperação entre os entes públicos (Ministério da Saúde e UFRN, através do LAIS) e do trabalho do Governo Federal via projeto Sífilis Não. Gerson destacou ainda a importância das cooperações internacionais, afirmando que a troca de saberes entre instituições de diferentes países colabora para o enfrentamento dos problemas relacionados à saúde global. “O seminário é importante para que possamos trocar experiências e alinhar conhecimentos na questão sanitária para o enfrentamento da sífilis e outras ISTs em países de língua portuguesa”, disse.

O encontro debateu também o papel da comunicação como estratégia de alcance aos grupos de risco relacionados à sífilis, bem como seu uso para o enfrentamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Para o professor Ricardo Valentim, o seminário se destaca por colocar uma ação de enfrentamento de ISTs desenvolvida pelo Brasil no cenário internacional. “O seminário foi muito importante, uma vez que um dos pilares centrais do projeto é a internacionalização. Os acordos de cooperação internacional construídos até aqui se consolidam através deste seminário, que reúne o que de melhor se desenvolveu no que diz respeito à pesquisa, com atores importantes de universidades renomadas na Europa, para discutir a questão da sífilis numa perspectiva global”, afirmou ele.

Para a professora Sara Dias-Trindade, do CEIS 20, o próximo passo é dar seguimento ao trabalho alinhado durante o seminário. “Creio que o próximo passo é mais o ‘mão na massa’. Este encontro serviu para agregar grupos diferentes que estavam a colaborar no mesmo projeto, numa lógica interdisciplinar, planejando novos encontros para partilhamos estas práticas de educação e comunicação para o projeto cada vez mais eficaz e interdisciplinar”, destacou.

As apresentações dos palestrantes do seminário estão disponíveis através do site do evento: https://seminariosifilisnao.lais.huol.ufrn.br/

Sobre o projeto “Sífilis Não”
O Projeto de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, comumente conhecido como “Sífilis Não”, é fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), tendo como objetivo ações efetivas e pesquisas aplicadas nas áreas acadêmica e médica que visem a redução dos casos de sífilis adquirida e a possível eliminação da sífilis congênita por todo o Brasil.

Atuando em quatro eixos distintos (gestão e governança, vigilância, cuidado integral e fortalecimento da educação e comunicação), o projeto visa a capacitação de gestores e profissionais na área da saúde, implantando linhas de cuidado para a sífilis com acompanhamento e intervenção em populações-chave, como grupos de gestantes e pessoas do meio LGBT.

O projeto também conta com a participação de diversos apoiadores, que são responsáveis pelas ações na vigilância e na atenção primária em saúde, fortalecendo assim o Sistema Único de Saúde (SUS) e formando uma articulação rápida e forte contra a sífilis.