Após o período eleitoral, quando foram registrados diversos pontos de aglomeração em todo o estado, o Rio Grande do Norte registra um aumento de 52,57% no número de casos da Covid-19. Apesar do aumento, essa evolução não vem se confirmando, na mesma proporção, nos óbitos registrados. Esses são alguns dos pontos abordados no mais recente relatório de análise da evolução da epidemia da covid-19 no estado do RN à luz da ciência de dados, construído por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN). Para acessar a íntegra do documento, clique AQUI.

O documento, disponibilizado na noite do dia 1 de dezembro, faz uma observação detalhada de aspectos fundamentais para o controle da epidemia. Além dos casos de infecção e registros de óbitos, o relatório faz, também, referência a taxa de transmissibilidade – Rt – um dos indicadores mais utilizados para medir a evolução de uma doença endêmica. A Rt indica quantas pessoas podem ser infectadas a partir de uma pessoa já doente. Sendo assim, o ideal é que a taxa esteja sempre o mais próximo de zero. Quando o valor se mantém abaixo de 1, significa que a doença está em um estado controlado.  Apesar de contar com vários modelos de medição, o LAIS optou, desde o início da pandemia, por basear suas análises da Rt no estudo “A New Framework and Software to Estimate Time-Varying Reproduction Numbers During Epidemics” (Uma nova estrutura e software para estimar números de reprodução variados no tempo durante epidemias), publicado no periódico American Journal of Epidemiology, classificado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) com o Qualis A1 nas áreas de Ciências Biológicas, Medicina e Saúde Coletiva, o mais alto nível possível para um periódico. A base de construção do modelo traz como referência estudos do Departamento de Epidemiologia de Doenças Infecciosas do Imperial College London, uma instituição centenária e com vastas referências nas áreas de modelagem matemática.

Especificamente para a construção deste relatório, os pesquisadores do LAIS analisaram as cidades de Natal, Mossoró, Parnamirim e Caicó, por terem representatividade no estado. Foram, também, analisados os valores da Rt para todas as regiões de saúde do RN. Apesar de ser um parâmetro importante para medição da pandemia, os pesquisadores do LAIS alertam que a Rt não deve ser observada de forma isolada dos demais indicaores da covid-19, como ocupação de leitos, por exemplo. “Atualmente, o LAIS monitora mais de 148 indicdores sobre a covid-19 no RN, todos esses utilizando métodos computacionais robustos, que dão segurança para tomadas de decisão”, afirma o relatório.

Com base nesse parâmetro, os pesquisadores afirmam que, na semana epidemiológica de número 47, o Rio Grande do Norte está em um cenário de controle.  Conforme apontado pelo documento, o estado mantém, há pelo menos 30 dias, a média da Rt abaixo de 1. A análise mostra, no entanto, que há uma variação do risco em 108 municípios, com registros de acima de 1.

Período Pós-eleitoral
Passado o momento de crise que o RN viveu em junho de 2020, atualmente, cerca de 15 dias pós-eleições municipais, se observa um aumento da taxa de ocupação. Em 4 de outubro de 2020 era de, aproximadamente, 28% para a Região metropolitana e em 30 de novembro de 2020 foi para, aproximadamente, 50%. Todavia, em outubro de 2020, havia mais leitos de UTI covid-19 habilitados, portanto, é importante considerar esse aspecto também. Mesmo com o aumento da procura, o documento afirma que a o sistema de saúde está em execução plena e de forma regular, garantindo o acesso aos serviços de saúde a todos que procuram. Tendo como base a taxa de ocupação, os pesquisadores afirmam que o RN está em uma situação de controle em relação à rede assistencial, uma vez que não ultrapassou os 80% da taxa de ocupação.

Recomendações
Diante do quadro analisado, os pesquisadores listam algumas recomendações necessárias para se continuar enfrentando a covid-19 no Rio Grande do Norte. Entre as ações está executar um plano de comunicação massiva para orientar e esclarecer a população e retomar e amplificar as fiscalizações em ambientes propícios a aglomerações.

Há recomendações, também, no caso do aumento das taxas de ocupação de leitos.  Caso a taxa de ocupação de leitos críticos do RN ultrapasse os 60% por mais de três dias, o estado deve organizar imediatamente um plano de contingência para ampliar os leitos em 20%, o qual deve ser rapidamente implementado quando a taxa estiver em 70%. 4)

No tocante a a taxa de ocupação de leitos críticos SUS do RN, caso chegue aos 80%, a recomendação é iniciar um processo de ampliação de leitos em mais 30%, podendo o RN voltar a ter mais de 300 leitos críticos para covid-19. 5) Se depois de ampliar a rede assistencial, a taxa de ocupação de leitos críticos covid-19 no SUS ainda estiver maior que 70% e a taxa de transmissibilidade superior 1.03 no RN, outras medidas sanitárias mais rígidas deverão ser tomadas.