Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
O sonho de construir uma carreira acadêmica dedicada à pesquisa e à educação foi a mola propulsora para que a pesquisadora do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Ana Cláudia Costa de Araújo, atravessasse o Oceano Atlântico em direção ao continente europeu. Essa trajetória iniciou em 2019, quando ela ingressou no Curso de Doutorado em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, em seguida, iniciou a cotutela com o Curso de Doutorado em Comunicação Audiovisual, Publicidade e Relações Públicas, na Universidade Complutense de Madri (UCM), na Espanha. Em solo espanhol, passou sete meses dedicados à produção da sua tese com financiamento do Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Após quatro anos de investigação, em dezembro de 2023, Ana Cláudia concluiu o doutorado por meio dessa modalidade de cooperação internacional que permitiu à estudante obter, de maneira simultânea, o título de doutora emitido pela UFRN e pela instituição de ensino superior da Espanha. Sua tese foi aprovada com distinção e louvor por uma banca composta por professores renomados dos dois países. No caso específico da universidade espanhola, a pesquisa doutoral alcançou o reconhecimento máximo da instituição, o chamado sobresaliente cum laude. O estudo é um dos produtos do Projeto “Sífilis Não”, iniciativa desenvolvida pelo Ministério da Saúde, por meio do LAIS/UFRN e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O trabalho abordou o “Modelo de avaliação para campanhas de saúde: uma proposta de análise da campanha ‘Lembre-se de se cuidar. Sífilis, Teste, trate e cure’”.
“Receber a aprovação da tese de doutorado com louvor é uma conquista não só profissional, mas também pessoal. Uma tese de doutorado em cotutela é repleta de desafios desde o início. São dois diplomas, duas universidades, mas uma única trajetória”, destacou Ana Cláudia. Sobre o resultado da pesquisa, ela ressalta o desenvolvimento de um protocolo, composto por três dimensões (estratégia, envolvimento e ação), “para avaliar campanhas de saúde, enfatizando a relevância de se elaborar campanhas que tragam informações de saúde de qualidade, o que é um direito fundamental da população”. Nesse sentido, o apoio dos profissionais que atuam no Centro de Assistência à Investigação para a Criação de Conteúdo Audiovisual e Digital para Pesquisa e Ensino (CREAV/UCM) foi fundamental.
Uma das principais especialistas na análise das interações entre Comunicação e Políticas Públicas no Brasil, a pesquisadora do Instituto de Comunicação de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), Inesita Sorares de Araújo, fez um importante apontamento que também repercutiu como um prêmio para os que atuaram no Projeto “Sífilis Não”. Essa ação foi citada como “exemplar”: “a campanha ‘Lembre-se de cuidar. Sífilis, teste, trate e cure’, elaborada e produzida pelo LAIS por demanda do Ministério da Saúde, constitui-se num conjunto de iniciativas que abrangem várias dimensões do processo de trazer a público e fomentar um debate sobre um tema que necessita ser visibilizado e discutido; as belas peças comunicacionais mobilizam o tema da prevenção e tratamento da sífilis”, reverenciou.
Para a professora Mar Marcos Molano, coordenadora do Programa de Doutorado pela UCM e orientadora da tese, “essa pesquisa é um marco muito importante em nosso programa e uma abertura extraordinária para a colaboração com a UFRN, já que não é tão comum, quanto gostaríamos, que as teses fossem realizadas sob co-orientação internacional, poderíamos dizer que Ana Cláudia é pioneira nesse sentido”. Mar Marcos lembrou que Ana Cláudia participou de “outras pesquisas paralelas a sua pesquisa principal de doutorado, que tomaram a forma de capítulos de livros; onde tive o prazer de desenvolver com Ana um breve projeto de pesquisa comparativa sobre a comunicação das DSTs no Brasil e na Espanha”.
Outra professora e pesquisadora na UCM, Almudena Muñoz, evidencia os resultados alcançados ao final da investigação científica: “o protocolo para a avaliação de campanhas de comunicação em saúde é uma ferramenta fundamental que servirá para identificar e delimitar os aspectos e indicadores de maior eficácia da mídia na transmissão de conhecimentos sobre saúde para a sociedade”. Para a servidora do Ministério da Saúde e doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Thaisa Lima, “o grande mérito da pesquisa foi ter atendido aos requisitos da cotutela, das duas universidades; o que Ana Cláudia fez foi um modelo de avaliação de desempenho de campanhas e ela testou no Projeto da ‘Sífilis Não’’, ressaltou.
Para o professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Elson Faxina, a pesquisadora do LAIS/UFRN “apresenta, como ápice de seu trabalho, uma proposta de modelo de avaliação de campanhas comunicacionais de saúde, que tanto necessitamos para fugir das pesquisas confinadas a dados quantitativos, muito estimados por uma visão de mercado, mas que nem sempre se revelam oportunas para conhecermos os resultados esperados do ponto de vista das conquistas sociocomunicacionais nessa área”. Já o também orientador da pesquisa, professor Juciano Lacerda, do Curso de Pós-graduação em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN), destaca a análise de indicadores feita pela pesquisadora, revelando “toda a complexidade necessária de uma campanha, atingindo todos os públicos prioritários e primários, secundários, especiais, e com uma diversidade de mídias e de perfis que foi bem sistematizada”.