A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a sífilis atinja mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo atualmente. O Brasil não está fora desta estatística: segundo o Boletim Epidemiológico sobre a doença, em 2017 foram registrados 119.800 casos de sífilis adquirida, 49.013 casos de sífilis em gestantes e 24.666 casos de sífilis congênita (quando a doença passa da mãe para o bebê). Para combater o aumento na incidência da sífilis, houve uma intensificação das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, a chamada Resposta Rápida à Sífilis, estratégia nacional envolvendo o governo e a sociedade, segundo informações do Ministério da Saúde.

Silenciosa, a sífilis pode permanecer sem sintomas por décadas para só depois manifestar-se novamente. Por ser uma infecção sexualmente transmissível (IST), para prevenir, é necessário o uso de preservativos masculino ou feminino em todo tipo de relações sexuais, incluindo o sexo oral. No entanto, a transmissão vertical (durante a gravidez) leva a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais por ano no mundo e aumenta o risco de morte prematura em outras 215 mil crianças.

Médicos explicam que a sífilis congênita é transmitida para o bebê em qualquer fase da gestação, mas, de forma mais rara, pode acontecer no momento do parto. Os perigos para a criança são graves e variam do nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, lesões na pele, problemas respiratórios, até complicações tardias, como alterações de face e ósseas, surdez neurológica, déficit cognitivo e nos casos mais graves a sífilis congênita pode levar a óbito.

O mais indicado é que a gestante faça um pré-natal adequado para evitar que a sífilis atinja o bebê, já que, com um tratamento adequado, o recém-nascido não será afetado pela doença. A grávida deve realizar o exame para detecção da sífilis em três períodos: no início da gestação (até o 1º trimestre), no terceiro trimestre e no parto. Caso o diagnóstico seja confirmado pelo teste rápido, a mãe deve receber imediatamente a primeira dose da penicilina benzatina e realizar o VDRL (teste para identificação de pacientes com sífilis) para o monitoramento da cura. O antibiótico trata a mãe e o feto. A identificação da sífilis, ainda no primeiro trimestre da gestação, e com tratamento adequado, impede a transmissão da sífilis da mãe para a criança.

Importância dos testes
O tratamento não torna a pessoa imune, ou seja, pode haver uma nova infecção da gestante pelo parceiro e do bebê se o parceiro também não for tratado. Por isso, a realização de teste para detectar a sífilis é imprescindível. O Ministério da Saúde recomenda o rastreamento para sífilis com testagem anual.  O Sistema Único de Saúde (SUS) possui teste rápido para a doença e o resultado sai em até 30 minutos.
                                                     
Para tanto, em 2017, o Ministério da Saúde enviou mais de nove milhões de testes rápidos dessa infecção aos estados, um crescimento de 92% em relação ao ano anterior (4,7 milhões de testes). Deste total, 3,3 milhões foram especificamente para a Rede Cegonha.

O teste está disponível e o tratamento também. Em 2016, o Ministério da Saúde assumiu a compra centralizada da penicilina para tratamento da sífilis. Foram destinados R$ 13,5 milhões para a aquisição de 2,5 milhões de ampolas de penicilina benzatina para o tratamento da sífilis adquirida em gestantes, além de 450 mil ampolas da penicilina cristalina, para tratar a doença em bebês. A medida faz parte da Agenda Estratégica para Redução da Sífilis no Brasil, inciativa que contou com uma emenda parlamentar de R$ 200 milhões, destinada a implementar o projeto de resposta rápida à sífilis em 100 municípios prioritários, que concentram aproximadamente 65% dos casos dessa doença no país.

 

Fonte: Revista Crescer