O desafio de inovar em um sistema de saúde que carece em suas possibilidades de acompanhar este processo. Essa foi a linha central da palestra do professor Adriano Massuda, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O médico, que também é doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou de suas experiências como pesquisador-visitante na Harvard School of Public Health, escola que é referência mundial na área.
Para o pesquisador, é preciso internacionalizar o processo de criação e de inovação dentro da saúde pública. “Nós vivemos um dilema de inovar na produção de tecnologia e o sistema de saúde não acompanhar esse avanço. É preciso ter uma visão internacionalizada de como diferentes países constroem estratégias e soluções para enfrentar os seus problemas e como trazer isso para o sistema brasileiro. Quando você observa outros países, passa a ter uma visão de como determinadas ações podem ser aplicadas em nossa realidade”, explicou Massuda.
O professor destacou, ainda, que é preciso estabelecer uma forma de financiamento mais efetiva da saúde pública. Para ele, além desses detalhes, o Brasil deve levar em conta a sua posição estratégica como liderança internacional, ao realizar investimentos na área de inovação em saúde. “Não podemos menosprezar a importância global que o país tem, bem como a sua liderança regional, do ponto de vista de dar direcionamento a políticas sociais. Temos, hoje, a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) em xeque. Sua manutenção vai depender da garantia do pacto que foi feito ainda na Constituição de 1988. É preciso regular o sistema. Contudo, se a gente perder o direito de garantir uma saúde universal, algo que o mundo todo está buscando, será um retrocesso continental”, afirmou ele.
O pesquisador encerrou sua fala lembrando da capacidade do povo brasileiro de pensar em soluções de tecnologia. “O brasileiro é povo que tem uma facilidade que poucos povos têm, que é a de crescer na adversidade. Estamos em um caminho, no futuro próximo, de o país voltar a crescer e dar as soluções para o mundo”.