Além do diagnóstico precoce, estudo visa diminuir o custo do exame.

 

Até o ano de 2050, os casos de osteoporose entre idosos no Brasil deverá ter um aumento de 32%. A projeção é da Fundação Internacional de Osteoporose, organização sem fins lucrativos, sediada na Suíça. As consequências mais graves, ainda de acordo com o relatório, serão as fraturas de quadris em pessoas acima de 38 anos. De acordo com levantamentos, atualmente, são registrados no Brasil mais de 120 mil casos desse tipo de fratura, havendo uma projeção de crescimento no número de ocorrências de 16% até 2020.

 

A osteoporose é apenas uma das doenças osteometabólicas, juntamente com a artrite, hiperparatireoidismo primário, raquitismo, entre outras, que afetam homens e mulheres com idades entre 40 e 50 anos. Para esses casos, o indicado é realizar uma densitometria óssea, exame que permite o diagnóstico precoce, determinando o início do tratamento e a prevenção de fraturas. Este método é o mais utilizado para medir a densidade mineral dos ossos, sendo, porém, um exame de alto custo e de difícil acesso para a população, por se tratar de um serviço de saúde disponibilizado somente na alta complexidade ou na rede especializada.

 

Diante desse cenário, os pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram o Osseus – método baseado em inteligência artificial e ondas eletromagnéticas para o diagnóstico auxiliar de doenças osteometabólicas. Esse trabalho de pesquisa aplicada é o resultado dos estudos realizados na tese de doutorado do pesquisador do LAIS Agnaldo Souza Cruz, orientado pelo Professor Dr. Ricardo Valentim.

 

Pesquisador do LAIS Agnaldo Souza Cruz

Pesquisador do LAIS Agnaldo Souza Cruz

 

De acordo com o Ricardo, “este trabalho irá possibilitar a triagem de paciente com osteoporose já na atenção básica, o que favorece um melhor cuidado e ainda contribui para ampliar e democratizar o acesso aos serviços de saúde de melhor qualidade e mais eficientes”. 

 

“Hoje, um aparelho para exames de densitometria óssea tem um custo elevado, o que inviabiliza esse tipo de exame já no primeiro atendimento ao paciente, ou seja, na atenção básica. A nossa pesquisa visa, neste contexto, desenvolver uma tecnologia que possa ser utilizada na Unidade de Básica de Saúde (UBS) pelas equipes de saúde da família no SUS do Brasil. Deste modo, esperamos que ela chegue a quem mais precisa”, destacou o doutorando Agnaldo Souza Cruz.

 

Trata-se de um dispositivo portátil de fácil operação, cujo princípio é ser de baixo custo. Isso permitirá um alto fator de escalabilidade, o que potencializa o seu uso em qualquer município do Brasil. O exame realizado pelo Osseus é não invasivo e pode ser aplicado diversas vezes em intervalos de tempo menores, pois não há nenhum efeito colateral para os pacientes, diferente de outros métodos tradicionais. 

 

O Osseus ainda está em processo de validação. Nesse sentido, o LAIS está trabalhando em conjunto com pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Cambridge-MA/EUA, finalizando os experimentos finais antes da defesa da tese de doutorado que irá ocorrer no mês de abril deste ano.

 

Alto impacto da pesquisa

 

O estudo realizado no doutorado já rendeu um artigo publicado em uma das mais importantes revistas científicas do mundo na área da Engenharia Biomédica, a Biomedical Engineering Online. Com o título Artificial intelligence on the identification of risk groups for osteoporosis, a general review, o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores Agnaldo Souza Cruz, Hertz Lins, José Macêdo Filho, Sandro da Silva e o coordenador do LAIS, o professor Dr. Ricardo Valentim, faz uma abordagem sobre o uso da inteligência artificial na identificação de grupos de risco de osteoporose.

 

 

O professor Hertz Lins, pesquisador do LAIS, e autor do artigo, destacou a importância de se ampliar o atendimento de pessoas que sofrem com osteoporose: “Nossos estudos demostram por meio de evidências científicas que tem aumentado a incidência de osteoporose em todo mundo. Logo, quanto mais cedo forem realizados os diagnósticos em pacientes, melhores serão os resultados do tratamento, e isso tem implicações direta na qualidade de vida deles”, disse.