Kaline Sampaio (Ascom/LAIS)

O aperfeiçoamento dos sistemas de saúde pública no Rio Grande do Norte, por meio de estratégias definidas em cooperação técnico-científica internacional. Esse um dos principais resultados da missão internacional realizadas por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), e da Secretaria de Saúde do RN (SESAP) nos Estados Unidos, onde se reuniram com integrantes do Laboratório de Inovação em Sistemas de Saúde da Escola de Saúde Pública de Harvard.

Entre os temas apresentados pela equipe brasileira estão os resultados obtidos pelo ecossistema tecnológico, criado pelo LAIS, durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. Duas plataformas mereceram destaque, como RegulaRN, plataforma de regulação de leitos, criada durante a pandemia e que foi determinante para salvar vida, por meio da agilidade e transparência em disponibilizar os leitos aos pacientes acometidos por covid-19, em todo o estado potiguar, e o RN Mais Vacina, destinado ao processo de imunização da população.

A apresentação do ecossistema foi realizada pelo diretor executivo do LAIS, prof. Ricardo Valentim, que destacou o protagonismo do laboratório durante a pandemia de covid-19 no RN e no Brasil. Para Valentim, os sistemas foram fundamentais em um dos momentos mais críticos da pandemia, oferecendo resolução de problemas principalmente na área de imunização e de regulação do acesso aos serviços de saúde, quando foi necessário regular mais de 28 mil pacientes. “Com o RegulaRN tivemos uma diminuição significativa de mortes por covid-19 em todas as faixas etárias após a implementação de protocolos, garantindo agilidade, transparência e equidade em todo o processo. Trata-se de soluções de saúde digital que tiveram e têm efetividade, elas não somente melhoraram o sistema de de saúde do RN, ambas salvaram vidas”, afirmou.

O debate foi ampliado com a participação da secretária adjunta de Saúde do Rio Grande do Norte, Lyane Ramalho, que falou sobre as ações de saúde pública no RN, descrevendo, para a delegação norte-americana, como funcionam os serviços no território potiguar, assim como a atuação do LAIS junto ao governo estadual com os sistemas RN Mais Vacina, RegulaRN e, recentemente, Regula RN Vascular, destinado a regulação dos procedimentos ligados ao tratamento de doenças vasculares, evitando consequências graves, como a amputação de membros.

A apresentação impressionou o diretor do Laboratório de Inovação em Sistemas de Saúde da Escola de Saúde Pública de Harvard, prof. Rifat Atun, que reconheceu o trabalho desenvolvido com o RegulaRN durante a pandemia de covid-19 como uma experiência exitosa a ser seguida. “O Rio Grande do Norte é claramente um líder, não só no Brasil como no mundo, em termos de uso de dados digitais para monitoramento do sistema de saúde em tempo real. A forma como a regulação está sendo conduzida por lá é inovadora e há uma grande oportunidade em desenvolver o sistema de saúde brasileiro a partir do modelo do governo do RN, que também poderá servir de modelo para outros países”, afirmou.

Entre os encaminhamentos das reuniões, estão o intercâmbio de pesquisadores para o aprimoramento dos sistemas de regulação e o desenvolvimento de estudos colaborativos em temas como covid-19, tuberculose, sífilis, agravos do sistema vascular e saúde materno-infantil. Para a pesquisadora da Escola de Saúde Pública de Harvard, a fisioterapeuta Gabriela Borin, que vive no Chile e trabalha em Polo de Harvard em Santiago, essa ampla parceria abrirá novas oportunidades para o desenvolvimento de pesquisas destinadas a melhoria do sistema de saúde no Brasil, garantindo maior acesso da população, de forma igualitária e com justiça social. “É uma oportunidade de aprendizado para os dois lados, pois aprendemos com o contexto de pesquisa do Brasil e, do nosso lado, podemos aportar com a experiência que temos por sermos uma universidade de referência, trata-se portanto de uma importante cooperação técnica de mútuo aprendizado.”.

Para os pesquisadores brasileiros há a certeza do sucesso de mais essa parceria entre o LAIS e a Escola de Saúde de Harvard. Compondo a missão aos Estados Unidos, a secretária adjunta de saúde do RN, Lyane Ramalho, ressaltou a importância do trabalho que será realizado, fortalecendo as ações concretizadas no SUS potiguar, durante os últimos três anos de pandemia, com a implementação dos sistemas pioneiros como o RegulaRN e o RN Mais Vacina, “ Vamos levar não só ciência para o nosso estado, mas também qualidade para um serviço de saúde que é vanguarda em todo o Brasil”.

Com todos os alinhamentos e perspectivas promissoras, o professor Ricardo Valentim com a certeza de que a agenda foi fundamental para fortalecer uma política para o SUS no Rio Grande do Norte, no período de 2023 a 2026. Para o diretor executivo do LAIS, a semana de trabalho em Harvard com o professor Rifat e sua equipe de pesquisadores demonstrou o potencial que tem essa cooperação, tanto no contexto da saúde global quanto na possibilidade de contribuir com essa nova fase da gestão do governo do estado potiguar. “Essa cooperação com Harvard fortalecerá os sistemas de regulação como eixo central de saúde digital, o que é fundamental para a saúde pública brasileira. Essa missão marca, também, mais um passo dado pelo LAIS na internacionalização das ações de inovação em saúde sempre aprimorando o sistema de saúde pública local para a população e que agora mira no G20, particulamente para debater o tema Saúde Digital”, finalizou

Participação no G20
Mas os frutos da cooperação não param por aí. O LAIS e o governo do RN, em parceria com a Escola de Saúde Pública de Harvard, vão participar de um grupo de trabalho na área da saúde no G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo. O convite para a participação brasileira veio por meio do professor da Universidade de Harvard, Rifat Atun, que desenvolve estudos analisando o aspecto econômico da área da saúde. “É um grande privilégio e um prazer colaborar com o LAIS ao longo de tantos anos, e agora nós temos a oportunidade de levar isso para um outro nível, para um programa de cooperação realmente colaborativo e horizontal por natureza. Então, haverá uma grande oportunidade para pesquisadores, educadores e aqueles envolvidos na prática de políticas públicas de saúde de realmente aprender e compartilhar suas experiências, mas também de aprender a partir da experiência que será gerada como resultado dessa colaboração”, afirmou professor Atun, enfatizando que a participação em um grupo de trabalho do G20 insere, definitivamente, o LAIS e o RN nas discussões sobre saúde digital em todo o mundo.
Atualmente a Índia ocupa a presidência do G20, país selecionado para conduzir a cúpula a partir de 2023, na capital Nova Déli.