Por Jordana Vieira – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)

Algumas lesões cutâneas indolores, até mesmo imperceptíveis, são uns dos sintomas iniciais da sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Conhecida como “a grande imitadora” devido a sua capacidade de imitar diferentes manifestações clínicas que se assemelham a outras doenças, essa infecção é causada pela bactéria Treponema pallidum, e pode ser transmitida por meio de contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada, no caso da sífilis adquirida, ou de maneira vertical, da mãe para o bebê, chamada de sífilis congênita. 

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde em outubro de 2023 em relação a essa infecção no Brasil, a taxa de detecção de casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes cresceu 23%, de 2021 para 2022. No ano de 2021, a taxa era de 80,7 casos por 100 mil habitantes, e avançou para 99,2 casos por 100 mil habitantes em 2022.

Com a chegada de eventos como o Carnaval, em que há uma maior recorrência de práticas de risco, como relações sexuais desprotegidas, a vulnerabilidade das pessoas a essa infecção pode aumentar. Para tirar algumas dúvidas que envolvem esse tema, a equipe de comunicação do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) conversou com o biomédico Leonardo Lima, especialista em imunologia e pesquisador do Laboratório.

Sintomas
A infecção se manifesta em três estágios: sífilis primária, secundária e terciária. Inicialmente, os sintomas são mais visíveis e o risco de transmissão é maior. Depois, acontece o período assintomático para o paciente, mas a bactéria permanece latente no organismo de maneira “escondida”. Após isso, a doença retorna podendo causar complicações graves, como: cegueira, paralisia, doença cardíaca, inflamação dos tecidos cerebrais (neurosífilis) e até mesmo a morte.

Mas, esse cenário pode ser revertido a partir de um simples tratamento, que está disponível de maneira gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Se o paciente for diagnosticado no tempo certo e tratado adequadamente, a infecção não deixa sequelas. De acordo com imunologista, a sífilis “é uma doença plenamente curável, apesar de o indivíduo poder ser reinfectado várias vezes ao longo da vida, o tratamento é simples e feito com o uso de antibióticos, em um esquema definido pelo médico que vai acompanhar o caso,” esclarece. 

Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio do teste rápido, com a coleta de uma gota de sangue na ponta do dedo do paciente, disponível em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS). Caso o resultado seja positivo, uma amostra de sangue deve ser coletada e encaminhada para a realização de um teste laboratorial para a conclusão do diagnóstico.

Transmissão
A transmissão dessa doença pode acontecer de diversas maneiras, mas de acordo com Leonardo Lima, “a principal delas é a via sexual, através de um contato sexual desprotegido. Também pode acontecer durante o parto, da mãe para o filho, ou com o compartilhamento de seringas e outros objetos pra uso de drogas, mas, a mais comum é a transmissão através no sexo desprotegido,” complementa.

Prevenção
A prevenção da sífilis é feita através do sexo protegido, ou “sexo seguro”, em que se utiliza preservativos, chamados porpularmente de “camisinha”, além disso, saber a situação sorológica da sua parceria sexual é fundamental. O serviço público de saúde disponibiliza, gratuitamente, preservativos internos e externos. Além disso, também é possível encontrar em farmácias, drogarias, supermercados, lojas de conveniência e sites de comércio eletrônico.

Tratamento
O tratamento da sífilis é feito com um medicamento chamado “penicilina” e tanto esse medicamento, quanto a testagem para a sífilis, estão disponíveis, gratuitamente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas pelo Brasil. A duração e o tipo do tratamento variam de acordo com o estágio da doença. É importante ainda destacar a necessidade de seguir o tratamento recomendado pelo profissional de saúde até o fim, mesmo que não haja mais sintomas perceptíveis da doença. 

 

Agora que você já esclareceu suas dúvidas sobre essa infecção, lembre-se de se cuidar neste Carnaval e durante o ano todo. O imunologista Leonardo Lima reforça a importância desse cuidado, “as pessoas devem tomar cuidado em relação à sífilis e a outras IST, o uso da camisinha é a melhor prevenção que a gente tem para sífilis e para outras IST até hoje”.