Jordana Vieira – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN

Com a proposta de analisar como a educação massiva em ambientes virtuais de aprendizagem pode induzir mudanças nos processos de trabalho, fortalecer políticas públicas e gerar impactos mensuráveis nos indicadores de saúde, o pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Alexandre Rodrigues Caitano, defendeu, na manhã do dia 19 de novembro, sua tese de doutorado intitulada “Um método para avaliação de impacto da educação massiva em saúde: estudos de caso no Sistema Único de Saúde do Brasil”. A apresentação ocorreu no auditório da Secretaria de Educação a Distância (SEDIS/UFRN).

A tese aprovada é vinculada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e de Computação (PPGEEC/CT/UFRN) e foi desenvolvida no âmbito de uma parceria do LAIS/UFRN com a Universidade de Coimbra (UC), por meio do projeto “Sífilis Não”. A banca examinadora foi composta pelo diretor executivo do LAIS/UFRN e orientador do trabalho, Ricardo Valentim 🇧🇷, além dos seguintes membros: Luiz Affonso Henderson Guedes de Oliveira 🇧🇷(PPGEEC/CT/UFRN); Heider Pinto 🇧🇷(UFBA); Aline Pinho 🇧🇷 (DFPE/UFRN); Karilany Dantas Coutinho 🇧🇷(DEB/UFRN); Janaína Luana Rodrigues da Silva Valentim 🇵🇹(Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta de Portugal); Felipe Ricardo dos Santos Fernandes 🇵🇹 (ESEnfC: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra); Luciana Schleder Gonçalves 🇧🇷(UFPR); Guilherme Medeiros Machado 🇫🇷(ECE: Escola de Engenharia Digital/Paris); e Ingridy Marina Pierre Barbalho 🇵🇹(ESEnfC: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra). A banca examinadora foi composta por membros avaliadores de instituições de ensino superior do Brasil, Portugal e França.

O estudo teve como objetivo desenvolver e validar uma metodologia capaz de avaliar o impacto da educação massiva em saúde, especificamente a que é realizada no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS), nos processos de trabalho, nas políticas públicas e nos indicadores de saúde no âmbito do SUS. Esse processo foi feito a partir da análise de dados de estudos de casos relacionados à Sífilis, à Saúde no Sistema Prisional e ao Programa Mais Médicos pelo Brasil do Ministério da Saúde.  

Na visão de Caitano, o trabalho representa uma contribuição inédita e estratégica para o SUS, visto que desenvolve e valida um método capaz de medir de forma sistemática e baseado em evidências, os impactos reais da educação massiva em saúde no Brasil. “O estudo situa-se na triangulação de métodos com análise de dados educacionais de saúde, dados epidemiológicos e a percepção dos profissionais de saúde e no ambiente de trabalho. Os resultados do trabalho demonstram que essas ações de educação permanente de profissionais de saúde em larga escala (educação massiva), como as ofertas que ocorrem por meio do AVASUS, não apenas qualificam a força de trabalho no SUS, mas atuam como ferramenta indutora de mudanças nos serviços de saúde, fortalecem as políticas públicas e produzem resultados mensuráveis nos indicadores de saúde”, afirma. 

De maneira geral, os resultados da tese indicam que a educação massiva em ambientes virtuais de aprendizagem representa um avanço estratégico para a política de educação permanente em saúde do Brasil e geraram impactos concretos no sistema de saúde brasileiro. Fator que tem contribuído para tornar o SUS mais resiliente, responsivo, equitativo e acessível aos cidadãos. “Esse fenômeno ocorre porque a educação permanente em saúde é um componente relevante do SUS, especialmente quando favorece a gestão e a governança na indução, condução e execução das políticas públicas de saúde”, afirma o coordenador da pesquisa e orientador da tese de doutorado, Ricardo Valentim. 

Ainda sobre os resultados da pesquisa, o autor destacou a relevância de se avaliar o impacto da educação permanente em saúde no país. “Considerando um país de dimensões continentais e que tem em si também grandes desigualdades, ter um método que comprova a efetividade dessa educação permanente em saúde através de tecnologias representa um avanço científico e social que oferece ao SUS uma ferramenta concreta para tomada de decisão, gestão qualificada e formulação de políticas públicas baseadas em evidências”, finaliza Caitano. 

Esse trabalho de pesquisa que resultou em diversos estudos publicados e na tese de doutorado de Alexandre Caitano é o primeiro trabalho no Brasil que aponta um caminho metodológico, sustentado por evidências científicas, para avaliar os impactos da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). “O Brasil investe muitos recursos em educação permanente no SUS, o que é muito importante, porém precisa avaliar a efetividade destes investimentos com o objetivo de corrigir rumos e aperfeiçoar a política. Ainda existe muito a fazer neste campo, mas um passo importante foi dado neste sentido”, ressaltou o Professor Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS/UFRN e um dos criadores do AVASUS.

Uma curiosidade sobre os membros avaliadores é a diversidade de formação dos membros, necessária em virtude da interdisciplinaridade do estudo, e também a participação do Professor da UFBA, o Dr. Heider Pinto, um dos idealizadores do AVASUS quando ainda era secretário da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde no ano de 2015. O AVASUS foi pensado, projetado e desenvolvido para ser uma plataforma centralizadora. À época, essa era uma questão importante para a gestão, racionalização e melhor alocação e orquestração dos recursos da educação permanente em saúde no Brasil — ter os dados da educação permanente em saúde em um único repositório é fundamental para a avaliação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, afirmaram a professora Karilany Coutinho (LAIS/UFRN) e o professor Carlos Alberto (IFHT/UERJ), ambos também criadores do AVASUS.