Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAI/UFRN
Em linha reta, mais de 7 mil quilômetros separam Natal, a capital potiguar, no Brasil, da cidade italiana de Parma, no norte do país. E se calculada a distância, por terra, entre Parma e Myanmar, nação do sudeste asiático, essa marca ultrapassa os 11 mil quilômetros. Mas isso não foi impedimento para que os pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN) e da Universidade de Parma escrevessem nesta semana, na Itália, um importante capítulo na história das cooperações internacionais.
É que um acordo de cooperação técnica, reunindo representantes do Brasil e da Itália foi firmado após várias discussões realizadas nos dias 6, 7 e 8 de setembro de 2022, dentro do complexo de hospitais e laboratórios de pesquisa da universidade italiana. O ponto inicial, desse trabalho de colaboração internacional, é atuar na qualificação de estudantes de medicina de Myanmar com a oferta de Recursos Educacionais Abertos nas áreas de sífilis, uma infecção sexualmente transmissível, e de outros problemas de saúde global.
Durante a assinatura do acordo de cooperação, o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, destacou que no AVASUS, o Ambiente Virtual de Aprendizagem de SUS, já existem várias trilhas formativas que podem ser adaptadas para a realidade do país asiático. Seguindo o exemplo da experiência, bem-sucedida, aplicada na Tanzânia, na África, na formação de agentes de saúde voluntários, “o que não impede a produção de novos materiais, conforme as demandas específicas levantadas por esse público”, complementou.
Além dos estudantes de medicina, a expectativa é de auxiliar na formação dos profissionais que atuam no sistema de saúde de Myanmar: “esse país tem enfrentado problemas dentro das questões democráticas, o que tem prejudicado a formação dos profissionais de saúde, por isso, o LAIS e a Universidade de Parma se unem em um projeto de cooperação humanitária técnico-científica”, esclareceu o dirigente do Laboratório brasileiro.
Segundo Leopoldo Sarli, professor do Departamento de Medicina e Cirurgia da Universidade de Parma, os estudantes de medicina de Myanmar deixaram de frequentar às aulas do curso em protesto contra um Golpe de Estado, registrado em fevereiro de 2021, quando militares assumiram o poder, naquele país. Nesse contexto, “o acordo firmado com o LAIS é muito importante para se trabalhar o conceito de saúde como meio de acesso à democracia e aos direitos básicos”, complementou o professor italiano.
Agora, os reitores das duas instituições de ensino devem ratificar esse acordo para o início das primeiras metas estabelecidas no plano de trabalho que inclui a inserção de estudantes de mestrado, doutorado e de pós-doutorado, da Itália e do Brasil, na realização de pesquisas.