Mais de 60 mil brasileiros já estão totalmente imunizados contra a covid-19, mas não integram o banco de dados e as estatísticas nacionais. Isso porque, até o momento, o país não possui um sistema de identificação, unificado, para os casos de pesquisa. Para resolver esse problema, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) lança, no próximo dia 8 de novembro, às 9h, no Hotel Holiday Inn, em Natal, a Plataforma ADA para a Integração de Pesquisas Clínicas, que vai reunir informações de centros de pesquisa e dados de fabricantes de vacina.
O desenvolvimento da plataforma acontece em uma parceria do LAIS junto ao Centro de Pesquisa do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HFSE/RJ), mas já motivou o interesse da Associação Brasileira de Pesquisa Clínica, reunindo mais de 40 centros de pesquisa em todo o Brasil, e dos principais fabricantes de imunizantes, como a Pfizer, AstraZeneca, Sinovac, Janssen. Representantes de todas essas instituições estarão presentes no evento do dia 8.
Por meio da Plataforma ADA será possível registrar todo o trabalho de pesquisa clínica, realizado com imunobiológicos no Brasil, incluindo o gerenciamento de TCLEs (Termo de Consentimento Livre Esclarecido, assinado pelos voluntários em pesquisa), fases do estudo clínico, cadastro de pesquisadores e participantes, central do pesquisador, central do participante, importação automatizada de dados da pesquisa, cadastro de credenciais para a Rede Nacional de Dados em Saúde , cruzamento de dados clínicos, registro de vacinação, gerenciamento de estoque e incidentes, relatórios gerenciais, declarações de participação e vacinação, alertas e notificações, integração com RNDS e Cartão Nacional de Saúde .
Neste primeiro momento, a Plataforma ADA terá como foco a produção de vacinas, integrando todos os dados de pesquisa clínica para qualquer tipo de imunizante que venha a ser testado no Brasil, com pacientes voluntários, à Rede Nacional de Dados em Saúde, interconectado ao barramento de dados em saúde do Governo Federal.
De acordo com o professor Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS, essa integração permitirá ao estado brasileiro e ao Ministério da Saúde, conhecer todos os dados de pesquisa com vacinas, de maneira integrada em uma única base de dados. Um outro benefício é emitir o certificado de imunização para aqueles voluntários que não tomaram placebo, no decorrer da pesquisa e que estão devidamente imunizados, após a comprovação da eficácia do imunizante pesquisado.
“É mais um marco importante do desenvolvimento da ciência, mostrando a qualidade do desenvolvimento de tecnologia e inovação e a importância disso para o Sistema Único de Saúde no Brasil, algo sendo desenvolvido no Rio Grande do Norte para todo o país, e neste momento, em cooperação com grandes instituições, em âmbito nacional e internacional para o desenvolvimento de imunizantes”, finalizou o diretor do LAIS.
“Mãe” da Computação
A plataforma ADA foi desenvolvida pelo LAIS e faz uma homenagem à Augusta Ada Byron, também conhecida como a condessa Ada Lovelace, considerada a mãe da computação por ter sido a primeira pessoa a realizar a programação computacional na história.
Ainda muito nova, Ada Lovelace ficou amiga e trabalhou com o cientista Charles Babbage, participando de seu projeto sobre a Máquina Analítica – evolução da Máquina Diferencial (que foi criada para executar e imprimir cálculos matemáticos). Entre 1842 e 1843, ela traduziu um artigo italiano sobre o motor e complementou o estudo com um conjunto de observações de sua autoria. Essas notas continham um algoritmo criado para ser processado por máquinas, sendo considerado o primeiro programa de computador já criado.
Além disso, Ada desenvolveu uma visão sobre a capacidade dos computadores conseguirem realizar muito mais além de meros cálculos, em uma época em que todos os matemáticos estavam focados nesse tipo de ação.
As notas de Lovelace a respeito da máquina analítica de Babbage foram republicadas em 1953, quase cem anos após sua morte. Essa máquina foi reconhecida como o primeiro modelo de computador já construído, e as notas da matemática ficaram marcadas como a primeira descrição de um computador e de um software.
RNDS
A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) é uma plataforma nacional de integração de dados em saúde e é um projeto estruturante do Conecte SUS, programa do Governo Federal para a transformação digital da saúde no Brasil. O Web Service da RNDS foi desenvolvido para permitir que os Laboratórios de Análises Clínicas compartilhem os resultados de exames de detecção do COVID-19 para a RNDS disponibilizando resultados confiáveis para quem precisa no momento que precisa. A API tem como principais usuários os Laboratórios de Análises Clínicas públicos e privados.