O experimento foi aplicado ao caso das intervenções do Projeto “Sífilis Não” em todo Brasil

Cientistas brasileiros desenvolveram um sistema baseado em inteligência computacional que avaliou intervenções de políticas públicas para enfrentamento à sífilis nas cinco regiões do Brasil. Por meio de algoritmo inteligente, os pesquisadores realizaram a  técnica de mineração de texto para analisar automaticamente mais de quatro mil relatórios produzidos por 54 pesquisadores de campo que atuaram em 74 municípios, em todo o Brasil,  com maior incidência de sífilis.

Os resultados alcançados resultaram no artigo “​​The Text Mining Technique Applied to the Analysis of Health Interventions to Combat Congenital Syphilis in Brazil: the case of the “Syphilis No!” Project” publicado na revista científica Frontiers in Public Health, na seção Digital Health. A pesquisa é fruto da tese de doutorado da estudante Marcella Andrade, cuja orientação é do professor Ricardo Valentim, diretor executivo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN). Para a publicação no periódico científico, o artigo contou com a colaboração de outros pesquisadores do Brasil e de Portugal.

De acordo com os pesquisadores, o sistema que utiliza um modelo de inteligência artificial conseguiu medir os impactos das ações de intervenção no campo da saúde pública diante da grave crise causada pela Sífilis. Com base nas evidências encontradas na pesquisa, os cientistas conseguiram observar um conjunto de ações desenvolvidas em todo o território nacional entre o período de 2018 e 2020.

O algoritmo inteligente conseguiu, por exemplo, identificar que o tema “Sífilis” foi pauta das agendas municipais de saúde em todo Brasil, algo que não ocorria há pelo menos duas décadas, as quais registraram aumentos sucessivos no número de casos. “Esse é um achado importante, pois a inclusão do tema na agenda de saúde pública dos municípios representa um passo fundamental para consolidar a política de resposta à sífilis no Brasil. É importante destacar que até 2017 a sífilis era considerada como negligenciada no país”, ressaltou Ricardo Valentim.

Os cientistas conseguiram identificar, também,  de forma quantitativa um conjunto significativo de ações desenvolvidas relacionadas à integração da vigilância e da atenção à saúde, no enfrentamento à sífilis congênita e a transmissão vertical da sífilis (quando a sífilis passa da mãe para o bebê) no municípios brasileiros.

A sífilis foi declarada como epidemia no país em 2016, em 2017 o Governo Federal por meio do Ministério da Saúde (MS) elaborou e implementou uma política pública de saúde que foi desenvolvida por meio de pactuação interfederativa, o objetivo  foi dar resposta a crise de saúde pública. Em 2018, inicia-se no Brasil o Projeto “Sífilis Não”, utilizado pelo Ministério da Saúde como ferramenta de indução da política pública de saúde para enfrentamento à sífilis no Brasil.

Autores: 🇧🇷🇵🇹

Marcella A. Da Rocha 🇧🇷, Marquiony M. Dos Santos 🇧🇷, Andréa S. De Melo 🇧🇷, Aliete Cunha-Oliveira 🇵🇹, Angelica Miranda 🇧🇷, Carlos Alberto Pereira de Oliveira 🇧🇷, Hugo G. Oliveira 🇵🇹, Cristine M. Gusmão 🇧🇷, Thaísa G. Lima 🇧🇷, Rafael Pinto 🇧🇷, Daniele M. Barros 🇧🇷 e Ricardo A. Valentim 🇧🇷.

Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpubh.2022.855680/full

da Rocha MA, dos Santos MM, Fontes RS, de Melo ASP, Cunha-Oliveira A, Miranda AE, de Oliveira CAP, Oliveira HG, Gusmão CMG, Lima TGFMS, Pinto R, Barros DMS and Valentim RAM (2022) The Text Mining Technique Applied to the Analysis of Health Interventions to Combat Congenital Syphilis in Brazil: The Case of the “Syphilis No!” Project. Front. Public Health 10:855680. doi: 10.3389/fpubh.2022.855680