Em tempos de pandemia, a mediação tecnológica é uma ferramenta importante para a promoção da equidade e da democratização do acesso aos serviços de saúde. Desta forma, contar com serviços oriundos da tecnologia é primordial para combater o avanço dos casos de covid-19.

Dentre o diversos serviços e sistemas desenvolvidos pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), a plataforma Telessaúde apresenta-se como uma solução que alia monitoramento, avaliação, regulação e a oferta de serviços remotos de saúde, servindo também como meio para conter e acompanhar o avanço das infecções causadas pelo novo coronavírus.

Um dos primeiros serviços ofertados na ferramenta desenvolvida pelo LAIS são os de colonoscopia, exame muito importante para a prevenção de câncer e de outras doenças do intestino. Por meio da Telessaúde, o município de Natal pode atuar por meio de uma intervenção no território, o que possibilitou a regulação de 2.678 atendimentos a pacientes.

Segundo o professor Edson Freitas, médico de família que atua na Secretaria Municipal de Saúde do Natal, a plataforma de Telessaúde é traz equidade ao serviço. “A plataforma Telessaúde é importante, pois permite equidade nos serviços de saúde. Através da regulação, você possibilita que indivíduos com maiores necessidades sejam priorizados em determinados serviços. Na colonoscopia, por exemplo, os pedidos de urgência são colocados na frente, com o paciente tendo o atendimento em um período mais aceitável, e tendo seu problema resolvido”, disse.

O médico destacou também a importância da teleconsultoria para os profissionais que atuam no cotidiano do serviço de saúde. “Quando a gente fala sobre teleconsultoria, o Telessaúde permite que os profissionais de saúde possam ter uma acesso a uma fonte de conhecimento respaldada e de qualidade, com teleconsultores treinados e com informações atualizadas, proporcionando mais segurança no serviço”, afirmou Edson.

Outros dois serviços ofertados no Telessaúde são o de pediatria e endocrinopediatria. A primeira tem a necessidade reforçada pela escassez de profissionais com essa especialidade. A segunda, por tratar de uma especialidade que abrange problemas de saúde como a diabetes infantil e distúrbios do crescimento. De acordo com o médico pediatra e professor Ricardo Arrais, que atua no Serviço de Endocrinologia Pedriátrica da UFRN, há muitos pacientes que sofrem pela dificuldade de se locomover por grandes distâncias para ter acesso aos serviços de saúde, problema este que pode ser solução através do Telessaúde. “A necessidade da telepediatria surgiu da identificação que fizemos de muitos pacientes que são do interior. Muitos tinham que se deslocar por centenas de quilômetros para uma consulta, o que motivou a iniciativa. A partir de 2010, fiz contato com o professor Ricardo Valentim, que disponibilizou uma equipe para desenvolver o sistema, que passou a ser oferecido no ambulatório em meados de 2013”, contou ele.

Arrais, que também é pesquisador do LAIS, projetou juntamente com o professor Ricardo Valentim, coordenador do laboratório, um software que permite atender pacientes (crianças e adolescentes) por meio do sistema de telepediatria (ferramenta está disponível em: http://www.telessaude.ufrn.br/). Atualmente a telepediatria já registrou quase 14 mil atendimentos, tendo colaborado para mitigar os problemas de acesso a rede especializada do Sistema Único de Saúde (SUS), além de manter um prontuário eletrônico de paciente (PEP) de todos os que são atendidos através do serviço, o que possibilita acompanhar todo o desenvolvimento da criança até que esta chegue a sua fase adulta. Atualmente, já são mais de 6.000 pacientes registrados pelo serviço.

“A partir daí, passamos a ampliar não apenas para pacientes diabéticos, mas todos os que têm patologias endócrinas. Então passamos a usar a telepediatria como um prontuário eletrônico, devido a essa possibilidade de um atendimento remoto que a ferramenta oferece, porque ele é 100% online. Hoje estamos em ampliação, com quase 14 mil atendimentos realizados através da plataforma. É um sistema com amplas capacidades, atrelado à teleconsultoria. Agora nós submetemos uma proposta para a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, órgão de fomento à pesquisa ligado ao Ministério da Educação), visando usar o sistema para o enfrentamento da covid-19, porque ele tem todas as possibilidades de ser bem aproveitado, podendo interagir com outros sistemas abertos do SUS”, explicou.

Teleconsultoria
As teleconsultorias realizadas pelas ferramentas desenvolvidas pelo Núcleo de Telessaúde do LAIS têm possibilitado a interação entre profissionais de saúde, o que repercute no atendimento a pacientes da atenção primária no estado do Rio Grande do Norte e também no Estado da Paraíba, estado onde o núcleo Telessaúde também atua, sendo o único interestadual do país. “Extrapolar os limites geográficos na oferta de serviços de saúde seria mais difícil, sobretudo antes das tecnologias que permitem a mediação médico/paciente ou médico/médico, como ocorre atualmente nos espaços virtuais criados pelo LAIS”, contou o professor Higor Morais, coordenador do Núcleo Telessaúde RN/PB. “Os números registrados no ecossistema de telessaúde demonstram que esse é um caminho que deverá ser ampliado, durante e após a pandemia da covid-19”, finalizou ele.

Números

Teleconsultorias registradas no sistema
19.365

Exames de colonoscopia regulados
2.678

Atendimentos de Telepediatria
13.985

Teleorientações sobre covid-19
576

Acessos ao Orientacorona para tirar dúvidas sobre covid-19
4500