Portugal é um dos países que melhor está enfrentando a pandemia do coronavírus. Depois da confirmação do primeiro caso no país europeu, registrado no dia 2 de março, as expectativas é de que até 10% da população poderia ser contaminada. Medidas tomadas pelo governo português fizeram, porém, com que essas estimativas não se confirmassem, colocando Portugal em melhor posição do que países como a França, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Suíça.

Para falar um pouco dessa experiência, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), convidou o Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública de Portugal, Ricardo Mexia, para uma webconferência, com o tema “As estratégias de Saúde em Portugal para o Enfrentamento à Covid-19” (a entrevista completa com o professor Ricardo Mexia você confere final desta matéria).

A palestra acontece no próximo dia 21, a partir das 11h. Durante uma hora e meia serão abordados temas como a prevenção, processo de entrada no isolamento, proteção aos idosos, processo de retomadas das atividades, indicadores e testagem. A mediação será feita pelo coordenador do LAIS, professor Ricardo Valentim.

O link para acesso à palestra será disponibilizado nos próximos dias através das redes sociais do laboratório, que podem ser acessadas a seguir:

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Confira a entrevista com o professor Ricardo Mexia:

A equipe de comunicação do LAIS conversou com professor Ricardo Mexia. Durante a entrevista, o epidemiologista fala sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido em Portugal e como essa experiência pode servir de parâmetro para o Brasil.

Veja, a seguir, os principais pontos da entrevista.

Portugal é um dos países que está sofrendo menos com a pandemia do coronavírus. A que o senhor atribui esse comportamento da pandemia?
Talvez seja redutor achar que a situação em Portugal é muito positiva. É verdade que foi possível evitar o crescimento exponencial do número de casos e que não foi ultrapassada a capacidade de resposta do nosso Serviço Nacional de Saúde. Acreditamos que isso pode ter sido devido ao fato da Pandemia ter atingido Portugal mais tarde, o que nos deu tempo para aprender com as experiências dos outros, bem como implementar as medidas de controlo mais cedo. Por outro lado, somos um país no extremo Oeste da Europa e portanto o isolamento pode ter funcionado como alguma proteção. Contamos, também, com uma estrutura de saúde pública descentralizada pelo país, com uma capacidade de resposta importante. Mas a situação ainda está longe de estar resolvida. Estamos, agora, em um momento de monitorizar a situação para assegurar que os bons resultados se mantenham.

O senhor vem acompanhando a pandemia no Brasil? Como o senhor avalia o desempenho das autoridades e as medidas tomadas até o momento?
Tenho acompanhado à distância e naturalmente que é uma situação que preocupa, face ao número de casos novos. Não tenho maneira de avaliar o desempenho, mas penso que é importante tomar decisões rápidas num contexto de muita incerteza. E isso nem sempre é fácil.

A situação de Portugal pode ser modelo para o Brasil?
Uma das grandes vantagens da atual pandemia ocorrer num contexto globalizado é que conseguimos rapidamente conhecer a experiência de outros países e adotar as boas práticas que funcionaram. E a partilha de informação e dados tem permitido um avanço muito rápido da ciência. E portanto alguma da experiência portuguesa pode ser útil em outros locais, incluindo o Brasil. Mas não podemos ignorar que o contexto de aplicação das medidas é diferente. E portanto o que resulta em Portugal pode ser impraticável no Brasil e vice-versa. Qualquer medida tem que ser avaliada à luz da situação epidemiológica e o contexto em que vai ser aplicada.