Por Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN
O uso das tecnologias no cotidiano das pessoas já é uma realidade, tanto no trabalho quanto no ambiente de casa. Acender as luzes, ligar eletrodomésticos ou eletroeletrônicos com um simples comando são algumas possibilidades oferecidas pelas casas inteligentes, ou smarth home, como também é conhecida. O que é um avanço de conforto para alguns pode ser vital para pessoas acometidas por Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
O uso das casas inteligentes para pacientes com ELA é o tema de um artigo publicado, recentemente, por um grupo de pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde – LAIS/UFRN), em parceria com pesquisadores da Universidade de Coimbra, em Portugal. No trabalho, os pesquisadores analisam a utilização desse tipo de tecnologia e quais ferramentas são mais usadas. O trabalho, intitulado “Casas inteligentes para pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): uma revisão sistemática da literatura” https://interferencejournal.emnuvens.com.br/revista/article/view/53 foi publicado no Interference Journal, periódico internacional de referência com Qualis A2, de acordo com avaliação da Capes.
O trabalho tem como objetivo identificar, analisar e sintetizar estudos sobre o uso de casas inteligentes para pessoas com ELA, destacando as principais tecnologias empregadas e suas contribuições para a autonomia desses indivíduos. O levantamento realizado levou em conta os meios de interação e os dispositivos utilizados com maior frequência.
De acordo com o artigo, os meios de interação mais utilizados foram Interface cérebro-computador (BCI) e controle ocular, cada um com 45,45% dos estudos. Os dispositivos utilizados mais descritos foram lâmpadas inteligentes em 45,45% dos estudos, enquanto interruptores, sensores de movimento e TVs/eletrodomésticos em 18,18% dos estudos. O que chamou atenção, no entanto, é que apenas 36,36% dos estudos avaliados incluíram efetivamente pessoas com ELA nos experimentos, enquanto os demais estudos utilizaram voluntários saudáveis ou similares.
Para o pesquisador e autor do artigo, Humberto Rabelo, apesar dos avanços recentes, a adoção de casas inteligentes por pessoas com ELA ainda enfrenta desafios significativos, como o alto custo dos equipamentos, complexidade de uso e resistência psicológica. Além disso, ainda há a necessidade de um avanço maior nas pesquisas realizadas, como afirma o pesquisador. “A aceitação de novas interfaces, como as baseadas em eletroencefalografia (EEG) e controle ocular, permanece como uma área de estudo em desenvolvimento, com grande parte das soluções ainda em fase experimental”.
Mesmo com os desafios ainda existentes, os pesquisadores acreditam que as casas inteligentes, com as inovações tecnológicas em saúde, apresentam uma solução promissora para atender as necessidades cotidianas de pessoas com ELA, possibilitando que gerenciem dispositivos domésticos e acessem serviços de saúde de forma mais autônoma e eficiente.
Como citar
Rabelo, H., Cordeiro , A. M. R., Oliveira , A. C., Fernandes , F. R. dos S., Lins , H. W. de C., Barbalho, I. M. P., Valentim, R. A. de M. (2025). CASAS INTELIGENTES PARA PESSOAS COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA): UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA. INTERFERENCE: A JOURNAL OF AUDIO CULTURE, 11(2), 47–64. https://doi.org/10.36557/2009-3578.2022v11n2p47-64