Jordana Vieira / Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Um estudo que pode contribuir para um planejamento terapêutico mais eficaz das pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), foi publicado na revista científica internacional Amyotrophic Lateral Sclerosis and Frontotemporal Degeneration, periódico oficial do Grupo de Pesquisa em Doenças do Neurônio Motor da Federação Mundial de Neurologia, que se dedica a aumentar a conscientização e divulgar informações sobre novas descobertas sobre a origem, a evolução e o tratamento da ELA e de outras doenças.
A pesquisa é fruto da tese de doutorado de Stephano Silva, intitulada “What is the influence of fatigue, ALSFRS-R scores, cognitive status, and pain in individuals with Amyotrophic Lateral Sclerosis? A cross-sectional study”, e foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFIS/UFRN), executada em parceria com o LAIS/URN, por meio do Projeto RevELA e sob orientação da professora Tatiana Ribeiro, do Departamento de Fisioterapia (DFST/UFRN).
O estudo contribui para fortalecer a prática fisioterapêutica e promover um melhor bem-estar para essas pessoas, objetivando investigar a fadiga em associação com outros sintomas como dor e cognição, em um grupo brasileiro de pessoas com ELA, a fim de verificar possíveis influências entre eles. Stephano Silva acredita que os resultados podem contribuir para uma construção de tratamentos mais precisos. “Como se trata de uma condição marcada por grande variabilidade clínica, os achados da pesquisa podem oferecer subsídios importantes para que fisioterapeutas elaborem planos de tratamento mais precisos e individualizados, respeitando as necessidades específicas de cada pessoa com ELA”, afirma o pesquisador.
A pesquisa foi consolidada sob um ponto de vista transversal, o que colaborou para a concepção de uma visão ampla da relação entre cognição, dor, funcionalidade e fadiga em pessoas com ELA. De acordo com o autor principal do artigo, “esse desenho metodológico nos permitiu analisar, em um mesmo momento, diferentes variáveis clínicas de forma integrada, possibilitando identificar associações importantes entre elas. Dessa forma, conseguimos ter uma fotografia precisa da interação desses fatores, o que fortalece as conclusões do estudo e fornece informações relevantes para a prática clínica”, enfatiza Silva.
A conclusão da pesquisa evidenciou que a fadiga é um sintoma significativo na Esclerose Lateral Amiotrófica, estando associada a escores mais baixos na escala ALSFRS-R (uma escala de avaliação funcional específica para pacientes com ELA), comprometimento cognitivo e níveis elevados de dor em pacientes brasileiros. Os fatores demográficos e clínicos, como idade, sexo, escolaridade e tempo de doença, foram relevantes na predisposição à fadiga, sendo esta mais prevalente entre mulheres. Na opinião da orientadora do estudo, os resultados podem ser aplicados diretamente no tratamento dessas pessoas, “ao compreender melhor essas associações entre os sintomas e os fatores demográficos, o profissional de saúde poderá manejar de forma mais adequada esses sintomas. Por exemplo, ao verificar que a fadiga está mais presente com o aumento da idade, estimula-se um olhar mais cuidadoso sobre a fadiga nessa população mais longeva”, finaliza Ribeiro.