Por Valéria Credidio – ASCOM / LAIS
O Brasil é referência na implementação de ações para o enfrentamento à sífilis, com base na adoção de políticas públicas efetivas para a redução dos casos da infecção, adequando-se as estratégias fornecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2016, e ratificadas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2017. Os dados se tornam ainda mais relevantes quando se observa que a sífilis é a infeção sexualmente transmissível (IST) mais comum do planeta, apresentando tendência de crescimento em todo o mundo, conforme dados divulgados pela OMS, em 2021. A informação é um dos resultados demonstrados no artigo científico Syphilis response policies and their assessments: a scoping review, publicado na Frontiers Public Health, periódico internacional, de relevância na área da saúde. O artigo traz uma parte da pesquisa de doutorado de Milena Duarte Almeida, que está sendo realizada dentro do Projeto “Sífilis Não”, promovido pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), em parceria com o Ministério da Saúde, OMS e OPAS.
A pesquisa foi realizada utilizando a metodologia de scoping review, que consiste em sintetizar as evidências de pesquisas, mapeando a literatura existente de determinado assunto. Assim, os autores buscaram artigos sobre políticas de saúde em resposta à sífilis nas bases de dados Pubmed, Scopus, ScienceDirect e EBSCO da CINAHL, bem como em documentos oficiais de organizações internacionais de saúde.
Para o levantamento de dados, foi considerado o período de 1º de janeiro de 2016 a 14 de agosto de 2022, tendo como resultado um total de 880 artigos abordando “Sífilis”, “Política de Saúde” e “Políticas de Saúde” combinados. “Todos os achados sugerem que Brasil e Peru apresentaram a maior adequação das estratégias fornecidas pela OMS em 2016 e pela OPAS, visando as metas estabelecidas na Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável”, explicou Milena.
Um dos principais pontos ressaltados durante a pesquisa é o fato do Brasil e a região das Américas ter a maior concentração de publicações e adesão às propostas da OMS de forma integral, com destaque para a eliminação da transmissão vertical da sífilis, indo de encontro aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no que se relaciona a Agenda 2030, conforme destaco pela autora principal do artigo. A transmissão vertical da sífilis ocorre entre a gestante e o bebê, podendo alcançar taxas entre 70% e 100% em gestantes não tratadas, tendo como possíveis efeitos abortos tardios, prematuridade, óbito fetal e sífilis neonatal congênita.
Importante ressaltar que durante o levantamento não foi encontrado nenhum país que tenha apresentado uma resposta abrangente à sífilis, observando o controle ou eliminação da infecção. “Assim, é necessário monitorar constantemente as políticas nacionais com base em estudos aprofundados sobre a qualidade da resposta, os desafios e as perspectivas nacionais, regionais e globais para o controle da doença até 2030, ano em que os ODS serão revistos”, finalizou a pesquisadora do LAIS.
Para visualizar o artigo completo, acesse: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpubh.2022.1002245/full.
Referência
Milena C. D. Almeida, António M. R. Cordeiro, Aliete Cunha-Oliveira, Daniele M. S. Barros, Diana G. S. M. Santos, Thaísa S. Lima, Ricardo A. M. Valentim. Syphilis response policies and their assessments: a scoping review. Frontiers Public Health.