*Texto produzido pelos professores Rosires Magáli Bezerra de Barros, Eloiza da Silva Gomes de Oliveira, Karilany Dantas Coutinho e Aldair Paiva

A preceptoria é estratégia importante na formação em saúde, entretanto raramente a formação do preceptor está inserida nos anos de graduação. O profissional, quando se insere na prática, se depara com o papel de mediar a aprendizagem de futuros profissionais e geralmente se sente despreparado para essa função.

O papel do preceptor integra princípios da docência, com a utilização de metodologias que promovem aprendizagens significativas, ao desenvolvimento condutas técnicas, éticas e profissionais daqueles que estão a ele relacionados. Além de ensinar a clinicar, integrar o conhecimento teórico à atividade prática, relacionando o ambiente da instituição de formação ao campo de trabalho.

No campo da saúde, a aprendizagem no contexto da prática é essencial para a formação dos profissionais e isso exige que os preceptores vivenciem processos formativos contínuos e que possibilitem a reflexão acerca de suas práticas. Na perspectiva da educação permanente em saúde, a capacitação em preceptoria deve contemplar um percurso formativo no qual o preceptor assume o papel de condutor na sua formação.

O Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em conjunto com o Ministério da Saúde (MS) do Brasil, organizaram a “Trilha Preceptoria” com propósito de auxiliar a formação em saúde na área de preceptoria. As ofertas educacionais são realizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (SUS), o AVASUS: https://avasus.ufrn.br/, também desenvolvido pelo LAIS/UFRN para o Ministério da Saúde.

Segundo a professora Dra. Karilany Dantas Coutinho, professora da UFRN e pesquisadora do LAIS, a trilha está à disposição no AVASUS para todos os profissionais de saúde que desejam se qualificar profissionalmente. “O AVASUS é uma ferramenta robusta, de fácil acesso e utilização, ergonômica. Os cursos oferecem diversos recursos educacionais, tais como textos, áudios, vídeos, jogos e abordam diversos temas relacionados à saúde e à organização do processo de trabalho.”, afirma.

As trilhas de aprendizagem ou os itinerários formativos constituem indicativos de estudos para a formação continuada, percursos que o profissional poderá cursar, possibilitando a sua qualificação para prosseguimento dos estudos e a inserção cada vez mais aprimorada no mundo do trabalho e no exercício profissional.

Segundo a Professora Dra. Rosires Magáli Bezerra de Barros, professora da Escola de Saúde da UFRN e pesquisadora do LAIS-UFRN, a trilha de aprendizagem ofertada pelo AVASUS favorece ao trazer conteúdos acerca da educação nos cenários de prática, segurança do paciente, modalidades de avaliação e metodologias ativas. E podem ser trilhados a partir do envolvimento desse profissional com o cotidiano do serviço de saúde.

Muitas dessas trilhas de formação, mediadas por tecnologias, permitem a interação autônoma de quem aprende com os conteúdos, por meio de um desenho pedagógico que lhes permite construir o próprio conhecimento.
Segundo a professora Dra. Eloiza da Silva Gomes de Oliveira, professora da UERJ e pesquisadora do LAIS, é indiscutível a importância da atuação do preceptor no cenário da Saúde no nosso país. “Vivemos, atualmente, processos de mudança que envolvem, nesse cenário, a estrutura conceitual, as práticas profissionais e as demandas de ensino e de aprendizagem”, afirma a professora.

Espera-se do preceptor competências técnicas específicas, de acordo com os padrões atuais de acreditação utilizados nas auditorias das diversas sociedades profissionais; atuação, no processo ensino-aprendizagem, como participante ativo do mesmo, em uma perspectiva dialética e inovadora; a realização de ações transformadoras para si próprio, para os alunos, para o próprio serviço de saúde.

A oportunidade de trilhar de forma autônoma esse percurso formativo é adequado ao momento atual vivenciado por esses profissionais nas instituições de saúde, no enfrentamento à COVID-19, uma vez que a aprendizagem será consolidada a partir do conjunto de saberes técnicos e científicos frente aos desafios advindos das práticas, considerando as dimensões éticas, morais e sociais envolvidas no trabalho em saúde em tempos pandêmicos.

“O aprender fazendo começa na mais tenra infância, a língua que aprendemos, os hábitos que incorporamos de nossos pais, irmãos e familiares, a escola ‘fundamental’. Logo adultos nos apercebemos como profissionais em qualquer área. Nos deparamos com um aprendiz/aluno no nosso entorno, seja ele por atribuição da função exercida ou não. Como ser esse preceptor? Em que contexto sociopolítico? Qual o método? Quais as competências que serão trabalhadas? Como avaliar o aprendizado? E por fim como torná-lo preceptor? O ensinar fazendo. É este o itinerário que esta trilha de aprendizagem apresenta. Respostas a estes questionamentos para formação dos profissionais formadores de outros. O brado mais forte de Reinventar-se ou Morrer, nunca foi tão atual.”, Dr. Aldair Paiva.