Infecção ocorre quando a bactéria é transmitida para o bebê durante a gravidez. Em 2017, foram registrados 24.666 casos

 

A sífilis congênita ocorre quando a mãe transmite a infecção para o bebê durante a gestação. Quanto mais recente é a infecção da mãe, maior é a carga bacteriana, aumentando o risco de infecção do feto. A sífilis pode causar nascimento prematuro, nascimento seguido de morte e malformações. Aproximadamente 50% das crianças são assintomáticas ao nascer.

 

De acordo com dados do Boletim Epidemiológico 2017 do Ministério da Saúde sobre a infecção, em 2017 foram registrados 37.436 casos de sífilis em gestantes e 24.66 casos de sífilis congênita (quando é transmitida da mãe para o bebê). Ou seja, são 67 crianças nascidas com sífilis por dia no Brasil.

 

Nessa violenta investida pelos corpos, as bactérias não perdoam ninguém. E um dos alvos mais frágeis é um grupo que tem sofrido com epidemias recentes no Brasil: as grávidas. Assim como o zika, a sífilis não poupa os bebês. Se uma gestante está infectada, em qualquer fase da infecção, a criança pode nascer com sífilis congênita.

 

A sífilis, nesse caso, pode ser precoce (quando ocorre antes dos 2 anos de idade) ou tardia (quando ocorre após os 2 anos). Entre os sinais e sintomas presentes na criança ao nascer, podem ocorrer feridas na pele, problemas ósseos, cegueira e surdez.

 

“A realização do pré-natal de qualidade e o estabelecimento do tratamento adequado da gestante com acompanhamento clínico e laboratorial (que inclui o teste de sífilis durante o pré-natal) estão entre as principais formas de se prevenir a sífilis congênita. É importante também fazer o pré-natal do parceiro, para testagem e tratamento da sífilis”, afirma a médica Adele Benzaken, diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

 

Segundo a especialista, todas as crianças expostas ou com sífilis congênita devem seguir o monitoramento clínico e laboratorial durante as consultas de rotina no serviço de saúde. A penicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para tratamento da sífilis em gestantes e prevenção da transmissão vertical.

 

Má-formação
A sífilis pode ocasionar más-formações neurológicas e ósseas, além da morte. Em 2015, por exemplo, 1,4% das crianças nascidas com sífilis congênita não sobreviveu. Não é um número pequeno. De qualquer forma, a sífilis está longe de ser uma sentença de morte. A infecção pode ser curada com um tratamento barato e simples: de uma a três doses de penicilina.

 

Se a doença for diagnosticada no primeiro ano, a cura se resume a apenas duas injeções de penicilina benzatina, uma em cada glúteo em dose única, e que podem ser administradas para grávidas. Se o diagnóstico for tardio, recomenda-se injeções semanais, por três semanas.

 

O procedimento consegue impedir a passagem da bactéria da grávida para seu filho. O tratamento da mãe também cura a criança. Quanto mais cedo o tratamento nela, menores os danos ao bebê. Mas, caso a mãe dê à luz sem eliminar a bactéria do corpo, o bebê é automaticamente medicado. Recebe penicilina cristalina por 10 a 14 dias – isso não recupera problemas neurológicos ou ósseos já causados pela doença, mas evita que a sífilis continue atacando o recém-nascido. Doutora Adele Benzaken, diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde afirma.

 

Conforme avaliação de cada caso, crianças com sífilis congênita precisarão coletar amostras de sangue, fazer avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de ossos longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há a necessidade de internação hospitalar por 10 dias para medicação intravenosa e até mesmo referenciamento para serviço especializado

 

“A criança exposta à sífilis pode não ter sido diagnosticada com sífilis congênita no nascimento, mas pode apresentar sinais e sintomas ao longo do seu desenvolvimento”, acrescenta.

 

Fonte: Revista Metrópoles