Por Letícia Meira – Assessoria de Comunicação do LAIS (ASCOM/LAIS)

Nos dois primeiros meses de 2024, o município de Campos dos Goytacazes, distante a 277 km, da cidade do Rio de Janeiro, não registrou nenhum caso de sífilis congênita na sua rede pública de saúde. E os casos que foram suspeitos, já foram descartados, sendo classificados apenas como exposição. Esse controle maior é possível pois o município fluminense vem utilizando o SALUS, plataforma desenvolvida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), dentro do programa “Sífilis Zero”.

O “Sífilis Zero” vem sendo desenvolvido desde setembro do ano passado,  com o objetivo de não apenas reduzir os casos e interrupções no tratamento da doença, mas também implantar um sistema de monitoramento mais eficaz. Nesse contexto, a plataforma Salus foi apresentada aos profissionais de saúde para identificar, com maior rapidez e precisão, as notificações de sífilis, elevando, assim, a qualidade do processo de Vigilância em Saúde.

Silvia Martins, assessora chefe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Campos/RJ, esclareceu sobre as realidades enfrentadas no cotidiano dos profissionais de saúde: “na correria da maternidade, muitas vezes, nos deparamos com casos em que crianças são erroneamente rotuladas como portadoras de sífilis congênita, quando, na verdade, são consideradas crianças expostas. Isso desafia as classificações convencionais e requer uma mudança na abordagem dos profissionais de saúde, pois indica que a classificação inicial está equivocada e precisa ser corrigida”, explica Martins.

Para enfrentar esse desafio, a solução foi aderir ao uso da plataforma Salus. Os pesquisadores do LAIS/UFRN deram todo o suporte, com treinamentos que explicavam sobre utilização da ferramenta de monitoramento inteligente dos casos de sífilis, com uma interface de fácil compreensão e bastante intuitiva. Essas capacitações foram ministradas para médicos, enfermeiros e profissionais da Atenção Básica, visando esclarecer dúvidas e fortalecer o processo como um todo. Como resultado, houve um aumento significativo no número de notificações, especialmente, na Atenção Básica, qualificando os dados usados pela Vigilância Epidemiológica no município fluminense.

“O Salus foi um grande avanço, proporcionando uma melhor compreensão do que acontece; melhorou muito o acesso às informações, especialmente, em relação às classificações, permitindo um contato mais rápido e eficiente com os pacientes”, afirmou a assessora chefe da Vigilância Epidemiológica. Ainda de acordo com a gestora, uma das principais vantagens com a adesão à plataforma é a possibilidade de integração entre o trabalho realizado pela Atenção Primária e a Vigilância em Saúde.

De acordo com o pesquisador do LAIS/UFRN, Fernando Lucas de Oliveira, “a Plataforma Salus é referência nacional no monitoramento inteligente dos casos de sífilis no âmbito do SUS, fornecendo em tempo real o georreferenciamento dos casos de sífilis congênita, adquirida, gestantes e crianças exposta, por meio do matriciamento de regras e protocolos do PCDT IST para sífilis do ministério da saúde, auxiliando os profissionais de saúde na atenção básica, especializada e alta complexidade quanto à classificação clínica e estruturação de planos terapêuticos adequados para seguimento do tratamento de cada cidadão para sífilis, reduzindo falhas em notificações diagnósticos, fortalecendo a segurança do paciente e o cuidado integral”, concluiu.