A inconformidade das notificações de sífilis no Brasil e, especificamente, no Rio Grande do Norte foi uma das pautas da reunião ordinária do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN, ocorrida na manhã deste dia 16 de março. A apresentação dos dados ficou a cargo dos pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), participantes do Projeto Sífilis Não.

Os dados apresentados compõem o relatório “INCONSISTÊNCIAS NAS NOTIFICAÇÕES DE SÍFILIS CONGÊNITA: UMA ANÁLISE BASEADA NO SINAN, CONFIRMADA POR ACHADOS CLÍNICOS, LABORATORIAIS E EPIDEMIOLÓGICOS”, produzido com base nos resultantes de pesquisas do Projeto “Sífilis Não”, realizado pelo LAIS em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

De acordo com o documento mais de 97% dos casos notificados de sífilis congênita estado potiguar apresentam algum tipo de inconsistência ou inadequação, o que representa uma super notificação da infecção que é transmitida para o bebê, pela mãe, durante a gestação.

O documento ainda apresenta dados mais graves: todas as crianças que participaram desse estudo e que foram notificadas com sífilis congênita em Natal/RN apresentaram resultado negativo (não reagente). Os dados analisados forma coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), consideraram o período de 2015 a 2020. “Todavia, o que mais se destaca é que somente 3,3% destas crianças, de fato tinham um título maior que o materno em pelo menos duas diluições (fatores que apontam sinais da sífilis congênita)”, explicou o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, um dos autores do relatório.

Além do professor Valentim, participaram da reunião com os secretários de saúde os pesquisadores Leonardo Lima, Sheila Balen e Gleyson Caldeira.

Encaminhamentos

Diante das exposições dos dados feita pelos pesquisadores do LAIS, houve a concordância, por parte dos secretários municipais de saúde, de que há uma discrepância dos dados hoje existentes no Sinan, o que prejudica a visão geral do cenário epidemiológico da sífilis no Brasil e no RN, dificultando a tomada de decisão e a gestão de políticas públicas adequadas. Uma nova reunião será marcada, entre os pesquisadores do LAIS e os secretários, para o detalhamento das informações e a busca de sugestões para o Sinan.

Para a presidente do Cosems/RN, Maria Eliza Soares, a apresentação do documento elaborado pelos pesquisadores potiguares foi de grande valia, por trazer dados importantes para os gestores de saúde. “Os dados que estavam sendo divulgados não demonstravam a realidade vivenciada nos municípios, deixando a gestão como vilão no processo de trabalho”, alertou a presidente do Conselho, ressaltando a qualidade do pré-natal realizado pelos municípios, que vem sendo comprovada por meio do nascimento de crianças saudáveis. “Eu enquanto representante dos gestores municipais de saúde do RN fiquei encantada pela riqueza de informações apresentada e que veem ao encontro de nossas necessidades neste processo de super notificação de sífilis congênita. Nós precisamos de um sistema que não apenas notifique, mas que possamos investigar e concluir todo processo com resultados concretos e reais “. finalizou.