A mesa-redonda com o tema “Tecnologias para Gestão da Educação na Saúde” trouxe à conferência a discussão em torno de como o avanço tecnológico pode colaborar em larga escala para a criação de uma rede de formação, visando à capacitação de profissionais de saúde.

O pesquisador Ruy Casale, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde, ligado a Fiocruz, destacou a implementação e o desenvolvimento do projeto “Caminhos do Cuidado”, criado com o intuito de treinar agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem. “Com o projeto, tínhamos a meta de ofertar 290.197 vagas para esses profissionais, que atuariam na questão do acolhimento e da escuta, em relação à saúde mental, com ênfase nos problemas relacionados ao uso do crack, do álcool e de outras drogas. Existem agentes comunitários do norte a sul do país, do Oiapoque ao Chuí. Nós tínhamos que atender todos eles”, disse Casale.

“Foram poucos os estados que não atingiram 100% de suas metas. Mas, só conseguimos fazer isso porque tivemos apoio de alguns sistemas que nos deram suporte, permitindo que pudéssemos fazê-lo“, explicou o pesquisador. No total, mais de 3.300 cidades receberam o projeto, que capacitou profissionais em todo o país.

 

Sistemas de gestão acadêmico

O pesquisador do LAIS, Pablo Hollanda, destacou que, no âmbito de formação e de saúde, desde meados dos anos 1990 há discussões em torno da criação de sistemas que possibilitem a formação comum. “A ideia de um sistema de gestão acadêmica não é nova. Desde 1995, tenta-se criar um sistema de gestão para a Rede de Escolas Técnicas do SUS, mas ela não é tão igual em todos os estados. Para que funcionasse efetivamente, dessa vez fizemos contato com todas as 41 escolas. Conforme tudo era sendo iniciado, nós adicionávamos ao sistema”.

Holanda apresentou, durante o evento, a proposta de um sistema unificado para a RETSUS, que visa receber toda a gestão de atividades de usuários da rede. “Hoje, temos um sistema já consolidado, com cerca de 700 alunos ativos e com atividades sendo desenvolvidas por escolas técnicas como a de Curitiba, por exemplo”, contou o pesquisador.

Bases da educação em saúde

O professor da Escola de Saúde Pública do Paraná, Aldiney Doreto, dividiu a questão da gestão na educação em saúde em quatro bases específicas: escolas técnicas; centros formadores; escolas de saúde pública; e escolas de saúde da família. O pesquisador detalhou a importância de cada uma dessas bases, com destaque para o trabalho desenvolvido nas escolas técnicas, que visam formar especificamente funcionários do Sistema Único de Saúde. “(O foco) São trabalhadores que já estão na rede, seja municipal, estadual ou federal, ou ainda da rede privada, que estão conveniados e que prestam serviços ao SUS, pois entendemos que estes também estão inseridos na rede. Entendemos que é nossa obrigação também qualificar esses parceiros”, explicou.

Doreto reforçou a importância da qualificação do trabalhador do SUS no ganho na qualidade do atendimento prestado ao usuário do serviço: “Queremos ir além. Queremos que essa qualificação tenha uma validade para o usuário”.

Atualmente, 41 escolas compõem a rede de escolas técnicas do SUS (ETSUS), com um total de mais 300 mil trabalhadores qualificados. Os números demonstram a capacidade de crescimento e a otimização de processos da rede.