Jordana Vieira / Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN

O terceiro e último dia do I Seminário Internacional História, Arte, Tecnologia e Saúde, realizado por meio da parceria entre o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) e a Universidade Aberta de Portugal (UAb), trouxe discussões em torno da ciência, tecnologia e a gestão em saúde, e como a articulação entre essas áreas pode fortalecer sistemas de saúde com mais inovação e sustentabilidade.

A programação iniciou com a mesa de discussões com o tema “Formação, Inovação, Investigação e Desenvolvimento dos Sistemas de Saúde”, mediado pela doutoranda na UAb e pesquisadora do LAIS/UFRN, Kaline Sampaio, e composta por Sandra Cardoso, diretora do Departamento de Formação, Investigação, Inovação e Desenvolvimento da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde de Portugal, Karilany Dantas Coutinho, vice-diretora executiva do LAIS/UFRN e docente do PPGgIS/UFRN, e João Paulo Queiroz, pesquisador no Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica e Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (NAVI/IFRN).

A discussão iniciou com a fala de Sandra Cardoso, em que apresentou o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e apontou as semelhanças que tem com o Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil. “Temos este diálogo aberto com o Brasil, nas mais diferentes áreas do Seminário e também na saúde, porque temos aqui desafios e oportunidades comuns e podemos aprender muito uns com os outros e estes espaços são importantíssimos para a partilha, e fundamentais para fazermos parcerias que podem ser determinantes para os nossos cidadãos e pros sistemas públicos de saúde”, apontou Cardoso.

Ao decorrer da mesa, Coutinho apresentou detalhes do Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS) e destacou como esse sistema pode fortalecer políticas públicas em saúde, além de servir como uma plataforma de monitoramento para o gestor e para a pesquisa, através dos riquíssimos dados fornecidos. O pesquisador João Paulo Queiroz trouxe discussões sobre os Sistemas de Saúde e como o Regula RN, desenvolvido pelo LAIS/UFRN, conseguiu trazer um SUS mais resiliente, eficiente e equitativo no Rio Grande do Norte, a partir da pandemia de covid-19 e que atualmente está em funcionamento em outros estados do Brasil. 

Mediada pelo diretor executivo do LAIS/UFRN e docente do PPGgIS/UFRN, Ricardo Valentim, a última mesa de discussões da programação abordou o tema “Soberania Digital: Saúde, Educação e Sustentabilidade”, composta por Hugo Paredes, professor catedrático na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Marta Aymerich, diretora do eHealth Center da Universidade Aberta da Catalunha (UOC) e Tiago Lapa, professor da Escola de Sociologia e Políticas Públicas do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).

As reflexões focaram em uma visão crítica do uso da Inteligência Artificial na saúde, Paredes trouxe o tema “Scaling up digital health solutions”, e falou sobre pesquisas e ações em saúde desenvolvidas na UTAD, com o auxílio da tecnologia, e ainda reforçou a importância de se fazer ciência, com impacto e como levar isso pra sociedade ver o que é feito nessas instituições. “Esse é um tema muito interessante, que reflete aquilo que temos desenvolvido e que nos permite compartilhar nossa experiência nesse domínio interdisciplinar capaz de impactar a sociedade e contribuir para a sua evolução”, destacou.

Em seguida, Aymerich explanou sobre como as tecnologias digitais estão sendo utilizadas para a monitorização, rastreio e gestão de informações em saúde e  otimizando esses processos. Ela ainda destacou os desafios relacionados à segurança, privacidade, colaboração e privacidade, que acontecem em paralelo ao uso dessas tecnologias. “Os problemas reais são complexos e só podem ser resolvidos por meio da interdisciplinaridade, como as discussões vistas neste Seminário”, afirmou. 

Lapa trouxe os dilemas em torno da soberania digital em saúde, abordando o enquadramento, oportunidades, riscos, soberania digital em saúde. Também foram realizadas discussões em torno das saúde digital ser um bem público ou um campo de negócio, bem como, a inovação digital servir à sociedade ou à indústria global, trazendo exemplos de parcerias com Big Techs que levantaram preocupações sobre dependência e transferência de dados. 

Ao longo de toda a programação do dia, o público contribuiu para os debates trazendo apontamentos em relação à saúde, arte, história, tecnologia e inovação, produzindo debates qualificados sobre os à formação educacional e da soberania digital na saúde.

O encerramento do evento foi marcado pelos agradecimentos de Joana Balsa de Pinho, investigadora do Instituto de História da Arte (ARTIS/FLUL), e do diretor executivo do LAIS/UFRN e docente do PPGgIS/UFRN, Ricardo Valentim.