“Sempre que houve eventos durante a pandemia, como o carnaval, o número de óbitos e de contaminados aumentou”. Essa foi a constatação dos pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN).
Os dados foram apresentados durante uma coletiva de imprensa na manha desta sexta-feira (12), realizada na Reitoria da UFRN. O grupo apontou ainda a região metropolitana de Natal como o principal epicentro da pandemia no RN. O vídeo com a coletiva na íntegra pode ser assistido aqui: https://youtu.be/WD4BD8aI0O0.
A coletiva contou com a participação do diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, do imunologista Leonardo Lima, e da médica infectologista Monica Bay. O grupo apresentou um resumo dos dados, disponíveis através das plataformas do ecossistema tecnológico desenvolvido pelo laboratório. Em suma, os dados apontam a urgência na adoção de medidas restritivas, sobretudo com o aumento dos índices de internação, de transmissibilidade e de óbitos.
De acordo com os dados apresentados, até a manhã desta sexta-feira, foram registrados 3.829 óbitos no RN causados pelo coronavírus. Para efeito de comparação, o número é maior que a população de municípios do interior, como Venha-Ver, Paraú e Tibau, por exemplo.
“Hoje temos 17 hospitais com 100% de ocupação dos leitos críticos. Neste cenário, é preocupante falarmos sobre flexibilizar medidas restritivas. Não é nada confortável a situação. Hoje o cenário é grave”, destacou Ricardo Valentim. “A partir do dia 8 de fevereiro, os dados apontam que há um crescimento nos números de internação de não idosos. Isso é preocupante, porque cada vez mais os jovens estão sujeitos ao vírus”, complementou.
O pesquisador Leonardo Lima reforçou que os dados reforçam a urgência da vacinação em massa da população. Ele reforçou ainda que não há medicamentos com eficácia comprovada para tratamento da covid-19. “No início da pandemia houve um trabalho no sentido do reposicionamento de certos medicamentos para tratar a covid-19. Um ano depois, há diversos estudos atestam que estes medicamentos usados há um ano não tem eficácia contra o coronavírus. Isso é um dado atestado e comprovado. O mundo inteiro está investindo em vacina, porque a vacina é a única forma para que tenhamos uma retomada segura das atividades”, afirmou ele.
Novas variantes e maior transmissibilidade
A infectologista Mônica Bay destacou durante a coletiva o papel das novas variantes do coronavírus no aumento do número de casos. De acordo com ela, “as novas cepas do vírus apresentam maior capacidade de transmissão”.
Ela destacou também que mesmo no caso de pessoas já vacinadas, é importante a manutenção das medidas de proteção individual. “A vacina começa a apresentar melhores resultados 14 dias após a aplicação da segunda dose. Assim, mesmo após vacinado, o indivíduo deve manter os cuidados, evitando assim a proliferaçãodo vírus. Quanto mais o vírus circular entre a população, maior a possibilidade de surgirem novas mutações. Devemos continuar realizando o uso de máscaras, a higienização das mãos, não compartilhar objetos, fazer o distanciamento social e, em caso de suspeita de infecção, iniciar imediatamente o isolamento”, disse.