Mesmo com a melhoria nos últimos dois anos, o Brasil ainda enfrenta problemas com a testagem para o diagnóstico da sífilis congênita – quando a infecção é transmitida da mãe para o bebê. Visando melhorar a eficácia dos testes, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde – LAIS/UFRN – e a Universidade Johns Hopkins estão desenvolvendo uma nova metodologia, baseada em inteligência artificial e biossensores, para melhor qualificar os exames diagnósticos da sífilis.
Localizada em Baltimore, Maryland, nos Estados Unidos, a Universidade Johns Hopkins é uma grande referência e pioneira no desenvolvimento de diversos procedimentos da medicina que são utilizados em todo o mundo.
A continuidade da cooperação internacional entre as duas instituições foi assinada em missão da equipe de pesquisadores do LAIS aos Estados Unidos, ocorrida no início de dezembro. Na oportunidade o diretor executivo do Laboratório, professor Ricardo Valentim, e representante do Departamento de Patobiologia Molecular e Comparativa da Escola de Medicina da Johns Hopkins, o pesquisador Lúcio Gama, concretizaram a parceria para a finalização dos equipamentos e demais reagentes necessários para a testagem.
Conforme acertado, as pesquisas continuarão ocorrendo na área da sífilis, com o desenvolvimento de um teste diagnóstico de alta sensibilidade, baseado em sistemas embarcados, nanocompostos, biossensores e inteligência artificial para melhor qualificar os exames diagnósticos aplicados na rede de atenção à saúde para diagnóstico da sífilis. “O Brasil tem um problema de diagnóstico porque os testes de alta qualidade não estão acessíveis para toda população. Ou seja, no Brasil, os pacientes só terão um diagnóstico conclusivo em aproximadamente 18 meses depois da notificação da de sífilis congênita”, explicou Ricardo Valentim, ressaltando que os biodispositivos visam aumentar a sensibilidade dos testes que serão utilizados tanto para sífilis congênita quanto para sífilis adquirida e sífilis em gestante.
O equipamento que está sendo desenvolvido para a melhor testagem de para a sífilis congênita irá beneficiar o Brasil, que declarou em 2016 viver uma epidemia de sífilis em todo o território nacional. De forma semelhante, o estado do Rio Grande do Norte também ratificou essas informações e também declarou estar vivendo uma epidemia de sífilis. “O trabalho beneficiará estados onde o número de notificações de sífilis é ainda mais grave. O diagnóstico mais sensível qualifica melhor a atenção à saúde”, argumentou o diretor do LAIS.
A pesquisa iniciada no LAIS, em parceria com a Universidade de Massachusetts, por meio da Startup ConquerX, resultou em um depósito internacional de patentes. De acordo com Valentim, a partir de agora, terá início a fase de consolidação e, na parte final da cooperação, o desenvolvimento desse dispositivo biomédico.
A cooperação internacional também prevê um plano de trabalho entre a Johns Hopkins e o LAIS, que terá desdobramento na Universidade de Coimbra, em Portugal, com a participação dos professores do Centro de Informática e Sistemas (CISUC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Nesta etapa, será realizada a análise de dados e os resultados obtidos com testagem em sangue, comparando pacientes infectados e não infectados, com sífilis, validando, assim, parte do trabalho desenvolvido.
“Este é um trabalho extremamente importante com repercussão em toda saúde global, principalmente em países que, assim como o Brasil, tem dificuldades nas questões de diagnósticos no âmbito da sífilis congênita. A boa notícia, é que já descobrimos que o mesmo princípio aplicado neste teste que estamos pesquisando poderá ser utilizado também no diagnóstico de doenças como a tuberculose e hanseníase. Portanto, trata-se de uma contribuição expressiva da ciência na qualificação do atendimento clínico ainda na atenção primária à saúde”, finalizou o diretor executivo do LAIS.