Por Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Em oito anos, 36 instituições internacionais, entre elas as Universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e de Coimbra, em Portugal, firmaram cooperações científicas internacionais em saúde pública com foco no desenvolvimento de pesquisas e produtos, beneficiando mais de 60 mil brasileiros, com patentes, publicação de artigos, teses de doutorado, mestrados, trabalhos de conclusão de curso, seminários e conferências internacionais, que estão no âmbito dessas cooperações ou por meio da massificação da formação humana em saúde.
Os acordos de cooperações científicas internacionais foram assinados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do seu Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), e têm contribuído como ferramenta de indução de políticas públicas em saúde, possibilitando o compartilhamento de conhecimentos, técnicas, experiências e tecnologias entre pesquisadores brasileiros e de outros países, como Estados Unidos, Portugal, França, Espanha, Colômbia, Itália, Israel e Noruega.
Um dos principais impulsionadores das cooperações científicas internacionais foi o Projeto “Sífilis Não”, desenvolvido pelo LAIS/UFRN em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), para o enfrentamento às infecções sexualmente transmissíveis. Diante da importância das ações desenvolvidas, um grupo de pesquisadores organizou um trabalho de avaliação de desempenho, com a criação de 34 indicadores com o objetivo de medir os efeitos e impactos dos acordos de cooperações científicas internacionais em saúde pública, os quais foram agrupados nas dimensões: técnico-científica, investimento, produtos e impacto.
Os resultados estão descritos no artigo “International scientific cooperation in public health: A performance measurement framework based on the “Syphilis No!” Project in Brazil” em português “Cooperação científica internacional em saúde pública: Uma estrutura de medição de desempenho baseada no projeto “Sífilis Não” no Brasil”, publicado na revista científica Global Health Economics and Sustainability (GHES), um periódico interdisciplinar de alto padrão internacional, que segue os padrões do Committee on Publication Ethics (COPE), com processo revisões por pares.
Para a pesquisadora do LAIS e uma das autoras do artigo, Thaísa Lima, o trabalho apresenta um modelo de avaliação de desempenho de cooperações científicas internacionais baseado na experiência de execução do projeto Sífilis Não. “Este é um fato relevante, tendo em vista que os modelos de avaliação de desempenho, nesse caso o Balanced Scorecard, são normalmente aplicados em ambientes corporativos, e o que nós fizemos foi adaptá-lo para gerar indicadores que pudessem medir a cooperação internacional em saúde”, explicou a pesquisadora. Todo esse processo de construção dos indicadores e do Framework de Avaliação, passou por rodadas de entrevistas, foi apreciado e avaliado também em um painel de especialistas, os quais incluiu integrantes do Ministério da Saúde com mais de 10 anos de experiência nas temáticas desenvolvidas.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a especificidade do Projeto “Sífilis Não” auxiliou na construção desse modelo, por ter destacado em suas metas, a importância das cooperações internacionais para o fortalecimento de sua execução. “Assim, o artigo mostrou, por meio dos indicadores do framework, que é possível envolver toda uma rede de cooperação internacional, em função de resultados de saúde pública”, enfatizou.
Thaísa Lima ressaltou, também, que o trabalho publicado mostrou não apenas o envolvimento das instituições internacionais com parceiras, mas a sustentabilidade das atividades de cooperação ao longo de toda a execução do Projeto, mantendo o tema da sífilis na agenda dos pesquisadores e fortalecendo o papel da UFRN e do Ministério da Saúde do Brasil como atores chave para a resposta global à sífilis – que atualmente tornou-se um problema de saúde pública em diversos países do mundo.
Almudena Muñoz é pesquisadora do Departamento de Ciências Aplicadas da Comunicação, Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid (UCM), na Espanha e contribuiu para a construção desse trabalho. De acordo com a pesquisadora espanhola, a cooperação científica é essencial para o avanço e progresso das disciplinas científicas que são trabalhadas simultaneamente a partir de diferentes instituições acadêmicas.
Munõz acredita, ainda, que o envolvimento de diversas instituições internacionais em uma mesma pesquisa é muito positivo. “Esse envolvimento permite a criação e solicitação de projetos de pesquisa de organizações governamentais que promovam a cooperação entre a Europa e o Brasil, promovendo o intercâmbio de pesquisadores, publicações conjuntas e um maior intercâmbio de conhecimento internacional”.
Universidade Aberta
Uma das instituições internacionais cooperadas com o LAIS é a Universidade Aberta de Portugal (UAb/PT). Durante a cooperação, que se estende até os dias atuais, diversas pesquisas foram realizadas, com o desenvolvimento de dissertações de mestrados e teses de doutorados. Para Carla Padrel, reitoria da UAb, a internacionalização das instituições de ensino superior é um processo integrado, contínuo e evolutivo que deve abarcar não apenas o ensino e a investigação, mas também a própria gestão da academia. “Em um cenário educacional global, a internacionalização das universidades tem implicações econômicas, sociais, políticas e culturais, e a sua dinâmica levou as universidades a definirem novas políticas e estratégias para fazer face aos desafios da sociedade atual. Neste âmbito, a UAb promove cooperações científicas internacionais direcionadas para a investigação e desenvolvimento, permitindo o intercâmbio de conhecimentos, técnicas, experiências e tecnologias”, argumentou.
Ainda de acordo com Carla Padrel, as cooperações internacionais entre Brasil e Portugal, especificamente, entre a Universidade Aberta (UAb) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por meio do LAIS, desempenham um papel crucial no avanço da investigação e inovação. “Essa parceria facilita a troca de conhecimento e experiências, especialmente no campo da saúde e tecnologia, permitindo o desenvolvimento conjunto de soluções inovadoras. Além disso, promove a formação de profissionais altamente qualificados e contribui para a internacionalização do ensino superior, fortalecendo laços acadêmicos e culturais. Esta colaboração exemplifica o potencial transformador das relações internacionais no contexto acadêmico e científico”, concluiu.
Para Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS, é fundamental criar e fortalecer as redes internacionais de pesquisa para que as nações possam avançar, mais rapidamente, no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Valentim ressaltou, ainda, que essas articulações e cooperações possibilitam aos países superarem, de forma orgânica, as barreiras da endogenia científica – evidencia essa que pode ser observada neste artigo.
“No caso específico da sífilis, o Brasil é atualmente um dos países mais preparados para contribuir com uma resposta global de saúde, graças também a todas essas atividades de cooperações científicas internacionais lideradas pelo LAIS/UFRN”, reforçou Ricardo Valentim que possui pós-doutorado no campo de saúde pública, realizado em uma ação de cooperação internacional.
Trajetória Internacional
O início das cooperações internacionais no Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) foi marcado pela participação de uma comitiva de pesquisadores na Brasil Conference, em 2016, evento promovido na Universidade de Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), organizado por cientistas e pesquisadores brasileiros que fazem parte dessas duas comunidades acadêmicas no exterior. Na ocasião, Ricardo Valentim, apresentou o trabalho que estava sendo feito, à época, e que já produzia impactos no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
Para Ricardo Valentim esse foi um marco especial, por ser um espaço destinado a autoridades e instituições que produzem trabalhos excepcionais e que servem de estudo de caso para a comunidade científica no âmbito dessas duas instituições norte-americanas. “É um espaço de compartilhamento de conhecimento. Foi a partir de 2016, que o LAIS começou a escalar a sua rede internacional de pesquisa. Naquele momento, identificamos que já estávamos com maturidade para construir uma rede internacional de pesquisa horizontal, onde todos ensinam e aprendem, por isso, foi feito um trabalho muito forte neste sentido”, ressaltou.
Com o início do Projeto “Sífilis Não”, as oportunidades para a expansão das cooperações internacionais se fortaleceram e foi necessária a criação do Núcleo de Relações Interinstitucionais no LAIS. A expansão das cooperações científicas internacionais foi tão significativa que hoje o LAIS tem cooperações com instituições de, pelo menos, um país em cada continente, e também o grupo de pesquisa registrado no CNPq, que é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma fundação pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Com a experiência desenvolvida durante esses últimos oito anos, durante as atividades e missões internacionais, o LAIS se tornou Centro Colaborador Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que atua como escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, especificamente, na área de Inovação Tecnológica para Educação em Saúde, confirmando a abrangência e a relevância do Laboratório no contexto da saúde global.
O resultado demonstrado no artigo publicado consolida o trabalho que vem sendo realizado por meio do modelo de cooperação técnico-científica diferente do aplicado em outras instituições no Brasil. “Neste modelo, as Cooperações Científicas Internacionais ocorrem de maneira horizontal, bilateral ou multilateral, logo, articulam-se como redes, que estabelecem networks de pesquisa, para compartilhar e produzir conhecimento de maneira horizontal. Portanto, sem hierarquia, neste modelo, todos ensinam e todos aprendem”, finalizou Ricardo Valentim.
Como citar
Thaisa Gois Farias de Moura Santos Lima, Karilany Dantas Coutinho, Natália Araújo do Nascimento Batista, Ruana Evangelista Galvão, Bruna Fernandes de Araújo, Iasmin Moreira Alves Martins, Luca Pareja Credídio Freire Alves, Manoel H. Romão, Juciano de Sousa Lacerda, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, Aline de Pinho Dias, Priscila Sanara da Cunha, Aliete Cunha Oliveira, António Manuel Rochette Cordeiro, Almudena Muñoz Gallego, Maria Natália Pereira Ramos, Carla Maria Bispo Padrel de Oliveira, Rodrigo Pires de Campos, Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim. International scientific cooperation in public health: A performance measurement framework based on the “Syphilis No!” Project in Brazil”. GHES, X(X), 3037. doi: https://doi.org/10.36922/ghes.3037.
Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
O I Encontro Internacional de Divulgação Científica, Saúde e Impacto Social, realizado em Madrid, na Espanha, reuniu cientistas, pesquisadores da área de comunicação e divulgadores científicos do Brasil, da Argentina, da Colômbia, da Guatemala, de Moçambique e do país anfitrião. Durante os dias de programação, ocorreram mesas de debate e oficinas que destacaram a Comunicação em Saúde, as Ciências da Saúde, as pesquisas na área de Ciências da Comunicação, além do trabalho nas áreas de jornalismo e publicidade científicos. Os participantes do evento presenciaram e participaram da criação da Rede Internacional de Investigação em Divulgação Científica Audiovisual.
Essa Rede é um consórcio de universidades presentes na América Latina, na África e na Europa (Espanha), com o objetivo de promover a divulgação de resultados de pesquisa por meio de mídias audiovisuais. O evento que resultou na criação desse grupo foi promovido pela Universidade Complutense de Madrid (UCM), por meio da Faculdade de Ciências da Informação e do Centro de Apoio à Pesquisa (CAI) para Conteúdos Audiovisuais e Digitais (CREAV), em parceria com o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), com o Programa de Pós-Graduação em Gestão e Inovação em Saúde (PPgGIS/UFRN), com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e com a Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (FECYT).
Maurício Oliveira Jr., jornalista científico e pesquisador do LAIS/UFRN, participou da elaboração do manifesto que deu origem à Rede de Pesquisa. Ele e a professora da UCM, Almudena Muñoz, coordenadora do encontro internacional, fizeram a leitura do documento em português e em espanhol. O pesquisador destacou a relevância da construção dessa Rede, diante da diversidade de perspectivas: “mostra a necessidade de uma convergência de pensamentos sobre o tema; essa convergência serve para unir as diferentes visões de cada país, cada território, as dificuldades que cada um tem e pensarmos como isso, unificado, pode otimizar a informação da Comunicação Científica para o público”, refletiu.
Para Juciano Lacerda, pesquisador do LAIS/UFRN e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN), essa “é uma Rede inovadora, já que a gente não tem essa configuração em nenhum lugar do mundo, e, ao mesmo tempo, nos habilita para, juntos com eles, também podermos ofertar possibilidades de que, em projetos em Ciências da Saúde, nós tenhamos uma Rede que vai proporcionar que a informação em saúde com qualidade, ética e com grande impacto social possa chegar tanto dentro do Brasil como fora dele”, declarou.
De acordo com a professora espanhola, Almudena Muñoz, “esse é um passo fundamental, pois temos que unir esforços e fazer iniciativas conjuntas para poder avançar no âmbito da investigação científica”. O coordenador regional do Campus Virtual da OPAS, Gabriel Listovsky, comemorou os resultados obtidos nesses dias de discussões e as próximas etapas que estão por vir, com enfoque na área da aprendizagem ao longo da vida: “a coisa mais rica deste encontro é conhecer a diversidade de propostas comunicacionais e como produzir material de qualidade, adequado a cada trabalhador da saúde”, finalizou.
Mais sobre o evento
O I Encontro Internacional de Divulgação Científica, Saúde e Impacto Social, realizado de 8 a 12 de abril de 2024, na capital da Espanha, ocorreu de forma presencial e on-line e promoveu o diálogo entre estudantes, pesquisadores e profissionais de comunicação e saúde, destacando a importância da divulgação científica na disseminação de seus avanços e no fortalecimento das políticas de saúde pública. A programação foi transmitida por streaming e todo o conteúdo pode ser consultado no site do evento.
Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Um grupo de trabalho será criado com representantes da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN) e do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) para discutir a implantação do Sistema Regula RN, módulo Leitos, na unidade que integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Esse foi o principal encaminhamento apresentado após uma reunião, realizada na semana passada, na Sesap/RN, e que reuniu profissionais que atuam com a regulação no estado. Só para se ter uma ideia, cerca 1.700 leitos, incluindo leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva, já estão cadastrados nesse sistema.
As discussões foram conduzidas pela secretária estadual de Saúde, Lyane Ramalho, com a participação do reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Daniel Diniz Melo, da superintendente do HUOL/UFRN, Eliane Pereira, e do diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim. Lyane Ramalho destacou um dos problemas enfrentados, no momento em que um paciente da Rede SUS RN é encaminhado para o HUOL/UFRN. De acordo com ela, ao ingressar na unidade hospitalar, não se tem mais acesso às informações sobre o paciente, como detalhes sobre seu atendimento e a evolução do seu quadro de saúde.
É que o HUOL/UFRN utiliza um sistema nacional de regulação, chamado SISREG, e, atualmente, por falta de integração com o Regula RN, os dados do paciente são repassados, pelos profissionais da Sesap/RN, por e-mail, para o Núcleo Interno de Regulação (NIR) do Hospital Universitário, o que pode comprometer o tempo de resposta a essa demanda. O reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo, disse que a adesão do HUOL ao Regula RN Leitos será estudada, levando em consideração a preservação das atividades de formação aos estudantes universitários que realizam residência em diversas áreas de saúde, dentro do hospital.
“Esse diálogo precisa ser constante, dada a importância que o hospital tem também para o contexto do SUS aqui no nosso estado; foi uma reunião muito produtiva e nós vamos continuar com esse diálogo”, enfatizou o reitor da UFRN. Segundo Lyane Ramalho, o Regula RN está implantado em 21 hospitais e a ideia é aprofundar o debate em torno da implementação desse sistema no primeiro hospital voltado para o ensino no estado. “A gente vai estar formando um grupo de trabalho para que possamos entender como o Regula RN se adapta ao processo de trabalho do HUOL, que é um hospital universitário e que recebe alunos”, finalizou.
Durante o encontro, o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, reforçou que a solução tecnológica desenvolvida por pesquisadores do Laboratório contribui com “a transparência, com a tomada de decisão dos gestores de saúde e com o controle social na oferta de leitos do Sistema Único de Saúde”. A superintendente do HUOL/UFRN, Eliane Pereira, se mostrou disposta a conhecer mais sobre a ferramenta: “essa integração com o Regula RN vai ser uma experiência que vamos estudar, junto com a secretária, junto com o grupo de trabalho, para que seja mais claro e mais fácil também esse trabalho de regulação”.
Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
O sonho de construir uma carreira acadêmica dedicada à pesquisa e à educação foi a mola propulsora para que a pesquisadora do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Ana Cláudia Costa de Araújo, atravessasse o Oceano Atlântico em direção ao continente europeu. Essa trajetória iniciou em 2019, quando ela ingressou no Curso de Doutorado em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, em seguida, iniciou a cotutela com o Curso de Doutorado em Comunicação Audiovisual, Publicidade e Relações Públicas, na Universidade Complutense de Madri (UCM), na Espanha. Em solo espanhol, passou sete meses dedicados à produção da sua tese com financiamento do Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Após quatro anos de investigação, em dezembro de 2023, Ana Cláudia concluiu o doutorado por meio dessa modalidade de cooperação internacional que permitiu à estudante obter, de maneira simultânea, o título de doutora emitido pela UFRN e pela instituição de ensino superior da Espanha. Sua tese foi aprovada com distinção e louvor por uma banca composta por professores renomados dos dois países. No caso específico da universidade espanhola, a pesquisa doutoral alcançou o reconhecimento máximo da instituição, o chamado sobresaliente cum laude. O estudo é um dos produtos do Projeto “Sífilis Não”, iniciativa desenvolvida pelo Ministério da Saúde, por meio do LAIS/UFRN e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O trabalho abordou o “Modelo de avaliação para campanhas de saúde: uma proposta de análise da campanha ‘Lembre-se de se cuidar. Sífilis, Teste, trate e cure’”.
“Receber a aprovação da tese de doutorado com louvor é uma conquista não só profissional, mas também pessoal. Uma tese de doutorado em cotutela é repleta de desafios desde o início. São dois diplomas, duas universidades, mas uma única trajetória”, destacou Ana Cláudia. Sobre o resultado da pesquisa, ela ressalta o desenvolvimento de um protocolo, composto por três dimensões (estratégia, envolvimento e ação), “para avaliar campanhas de saúde, enfatizando a relevância de se elaborar campanhas que tragam informações de saúde de qualidade, o que é um direito fundamental da população”. Nesse sentido, o apoio dos profissionais que atuam no Centro de Assistência à Investigação para a Criação de Conteúdo Audiovisual e Digital para Pesquisa e Ensino (CREAV/UCM) foi fundamental.
Uma das principais especialistas na análise das interações entre Comunicação e Políticas Públicas no Brasil, a pesquisadora do Instituto de Comunicação de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), Inesita Sorares de Araújo, fez um importante apontamento que também repercutiu como um prêmio para os que atuaram no Projeto “Sífilis Não”. Essa ação foi citada como “exemplar”: “a campanha ‘Lembre-se de cuidar. Sífilis, teste, trate e cure’, elaborada e produzida pelo LAIS por demanda do Ministério da Saúde, constitui-se num conjunto de iniciativas que abrangem várias dimensões do processo de trazer a público e fomentar um debate sobre um tema que necessita ser visibilizado e discutido; as belas peças comunicacionais mobilizam o tema da prevenção e tratamento da sífilis”, reverenciou.
Para a professora Mar Marcos Molano, coordenadora do Programa de Doutorado pela UCM e orientadora da tese, “essa pesquisa é um marco muito importante em nosso programa e uma abertura extraordinária para a colaboração com a UFRN, já que não é tão comum, quanto gostaríamos, que as teses fossem realizadas sob co-orientação internacional, poderíamos dizer que Ana Cláudia é pioneira nesse sentido”. Mar Marcos lembrou que Ana Cláudia participou de “outras pesquisas paralelas a sua pesquisa principal de doutorado, que tomaram a forma de capítulos de livros; onde tive o prazer de desenvolver com Ana um breve projeto de pesquisa comparativa sobre a comunicação das DSTs no Brasil e na Espanha”.
Outra professora e pesquisadora na UCM, Almudena Muñoz, evidencia os resultados alcançados ao final da investigação científica: “o protocolo para a avaliação de campanhas de comunicação em saúde é uma ferramenta fundamental que servirá para identificar e delimitar os aspectos e indicadores de maior eficácia da mídia na transmissão de conhecimentos sobre saúde para a sociedade”. Para a servidora do Ministério da Saúde e doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Thaisa Lima, “o grande mérito da pesquisa foi ter atendido aos requisitos da cotutela, das duas universidades; o que Ana Cláudia fez foi um modelo de avaliação de desempenho de campanhas e ela testou no Projeto da ‘Sífilis Não’’, ressaltou.
Para o professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Elson Faxina, a pesquisadora do LAIS/UFRN “apresenta, como ápice de seu trabalho, uma proposta de modelo de avaliação de campanhas comunicacionais de saúde, que tanto necessitamos para fugir das pesquisas confinadas a dados quantitativos, muito estimados por uma visão de mercado, mas que nem sempre se revelam oportunas para conhecermos os resultados esperados do ponto de vista das conquistas sociocomunicacionais nessa área”. Já o também orientador da pesquisa, professor Juciano Lacerda, do Curso de Pós-graduação em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN), destaca a análise de indicadores feita pela pesquisadora, revelando “toda a complexidade necessária de uma campanha, atingindo todos os públicos prioritários e primários, secundários, especiais, e com uma diversidade de mídias e de perfis que foi bem sistematizada”.
Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Desenvolvida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) e diversos parceiros, como o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a Secretaria de Educação a Distância (SEDIS/UFRN), o Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias (IFHT/UERJ) e a Universidade de Coimbra (UC), a Trilha Formativa sobre Saúde no Sistema Prisional está bem perto de alcançar a marca de 40 mil alunos matriculados, somando os cursistas dos quatro módulos disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS). A depender da abertura de diálogo para a consolidação de novas parcerias, esse número será ultrapassado, em breve.
O conteúdo formativo foi apresentado a representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira (17), em Brasília/DF. Os pesquisadores do LAIS/UFRN foram recebidos, na sede do CNJ, pelo juiz auxiliar da presidência do Conselho, Jônatas Andrade, acompanhado das também juízas auxiliares, Katia Roncada e Elinay Ferreira. De modo remoto, as assessoras do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Sistema Socioeducativo (DMF/CNJ), Pollyana Alves e Vivian Coelho, além da diretora executiva substituta do DMF/CNJ, Melina Machado Miranda, também participaram das discussões e deram várias contribuições, no sentido de sugerir uma maior aproximação institucional.
Segundo o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, “a Trilha Formativa pode ser uma indutora de políticas públicas na área da Saúde Prisional, mas para isso, é necessário contar com o apoio do CNJ para dar mais visibilidade ao trabalho realizado até aqui e é isso que viemos pedir”. Após ouvir, atentamente, todas as informações repassadas pela equipe do LAIS/UFRN, o juiz auxiliar da presidência do CNJ, Jônatas Andrade, lotado do departamento que atua no monitoramento e fiscalização do sistema penitenciário, declarou que “trata-se de um trabalho valoroso, que vem sendo executado pela UFRN, pelo LAIS, e que se conecta com boa parte dos programas e temas propostos pelo DMF para a melhoria das condições relativas à saúde nos nossos estabelecimentos”.
Agora, a equipe do DMF/CNJ deverá discutir como se dará o apoio para a divulgação, no âmbito do Conselho, a fim de estimular o acesso a essa formação mediada por tecnologias, por parte de profissionais do Poder Judiciário que atuam com temáticas ligadas ao Sistema Prisional. Para a doutoranda da Universidade de Coimbra e pesquisadora do Laboratório, Janaína Rodrigues, que está prestes a defender sua tese, intitulada “Um Olhar Além do Concreto: formação humana mediada por tecnologia para a saúde no sistema prisional”, sobre os resultados de toda a trilha de aprendizagem, esse é um momento especial: “ter o apoio deles é fundamental para que a Trilha venha a ganhar mais notoriedade e seja implantada no sistema carcerário”, comemorou.
Mais parcerias em construção
Na mesma agenda em Brasília/DF, a equipe de pesquisadores do LAIS/UFRN apresentou a Trilha Formativa para a assessora técnica do Departamento de Saúde da Família e Comunidade, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS/MS), Diene Rodrigues, que atua com Políticas de Promoção da Equidade em Saúde. No mês passado, nossos pesquisadores realizaram encontros com representantes da Secretaria de Acesso à Justiça (SAJU), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e do Centro de Formação e Gestão Judiciária do Superior Tribunal de Justiça (CEFOR/STJ) para tratar sobre possíveis parcerias para difundir, ainda mais, a Trilha Formativa sobre Saúde no Sistema Prisional. Clique aqui e relembre como foram esses encontros.
Por Bruno Cássio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Uma das principais expertises que o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) tem conquistado, ao longo do tempo, é a atuação em processos de construção e consolidação de Acordos de Cooperação Técnica Internacional com instituições de ensino e de pesquisa de várias partes do mundo. Nesta sexta-feira (14), foi assinado um Plano de Trabalho com a Universidade Aberta da Catalunha (UOC), com sede em Barcelona, na Espanha. O documento define as atividades que necessitam ser executadas, com vistas a atingir os resultados previstos nesses acordos.
Além de representação da instituição estrangeira, na sala de reuniões da Secretaria de Relações Internacionais (SRI), no Anexo 2 do prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), estiveram presentes pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Inovação em Saúde (PPgGIS/UFRN), do LAIS/UFRN e o secretário de Relações Internacionais da UFRN. Segundo Aderson Farias, por meio do LAIS, “o fazer ciência, inovação e pesquisa da UFRN está influenciando instituições lá fora e isso é extremamente desejável”, comemorou o secretário da SRI, após assinar o documento.
De acordo com a diretora do eHealth Center, centro de pesquisa da Universidade Aberta da Catalunha (UOC), médica Marta Aymerich, há um ano, LAIS e UOC estão trabalhando para o desenvolvimento desse Plano de Trabalho. Aymerich enfatiza dois aspectos importantes dessa parceria: a transdisciplinaridade e a pesquisa translacional. “A colaboração entre disciplinas que o LAIS tem, além de ser muito conceituada, é realizada na prática e queremos aprender quais métodos são usados para que nossa interdisciplinaridade, na UOC, seja mais forte”, pontuou.
E no quesito translacional, a dirigente espanhola destacou que essa “é a ideia de pensar sempre no destinatário final da pesquisa, desde o início, quando se levanta as hipóteses; esse é um caminho que temos percorrido há alguns anos e acredito que podemos compartilhar com LAIS”. O diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, celebrou o novo trabalho de colaboração internacional e deu ênfase ao papel do Setor de Relações Institucionais do LAIS: “sempre que captamos um projeto, destacamos a necessidade de se ter uma previsão para ações de internacionalização, pois o mundo precisa saber o que estamos fazendo aqui no Brasil e nesse ponto, o nosso setor dá todo o suporte”.
Sobre a UOC
A Universidade Aberta da Catalunha (UOC) é uma universidade global, nativa digital, cuja missão é assegurar, com um mandato público, a aprendizagem ao longo da vida dos cidadãos. Para cumprir esse objetivo, gera conhecimentos centrados na interação entre a tecnologia e as ciências humanas e sociais. Atualmente, a Universidade Espanhola possui 87 mil estudantes em 138 países e mais de 500 pesquisadores.