Por Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Em oito anos, 36 instituições internacionais, entre elas as Universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e de Coimbra, em Portugal, firmaram cooperações científicas internacionais em saúde pública com foco no desenvolvimento de pesquisas e produtos, beneficiando mais de 60 mil brasileiros, com patentes, publicação de artigos, teses de doutorado, mestrados, trabalhos de conclusão de curso, seminários e conferências internacionais, que estão no âmbito dessas cooperações ou por meio da massificação da formação humana em saúde.
Os acordos de cooperações científicas internacionais foram assinados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do seu Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), e têm contribuído como ferramenta de indução de políticas públicas em saúde, possibilitando o compartilhamento de conhecimentos, técnicas, experiências e tecnologias entre pesquisadores brasileiros e de outros países, como Estados Unidos, Portugal, França, Espanha, Colômbia, Itália, Israel e Noruega.
Um dos principais impulsionadores das cooperações científicas internacionais foi o Projeto “Sífilis Não”, desenvolvido pelo LAIS/UFRN em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), para o enfrentamento às infecções sexualmente transmissíveis. Diante da importância das ações desenvolvidas, um grupo de pesquisadores organizou um trabalho de avaliação de desempenho, com a criação de 34 indicadores com o objetivo de medir os efeitos e impactos dos acordos de cooperações científicas internacionais em saúde pública, os quais foram agrupados nas dimensões: técnico-científica, investimento, produtos e impacto.
Os resultados estão descritos no artigo “International scientific cooperation in public health: A performance measurement framework based on the “Syphilis No!” Project in Brazil” em português “Cooperação científica internacional em saúde pública: Uma estrutura de medição de desempenho baseada no projeto “Sífilis Não” no Brasil”, publicado na revista científica Global Health Economics and Sustainability (GHES), um periódico interdisciplinar de alto padrão internacional, que segue os padrões do Committee on Publication Ethics (COPE), com processo revisões por pares.
Para a pesquisadora do LAIS e uma das autoras do artigo, Thaísa Lima, o trabalho apresenta um modelo de avaliação de desempenho de cooperações científicas internacionais baseado na experiência de execução do projeto Sífilis Não. “Este é um fato relevante, tendo em vista que os modelos de avaliação de desempenho, nesse caso o Balanced Scorecard, são normalmente aplicados em ambientes corporativos, e o que nós fizemos foi adaptá-lo para gerar indicadores que pudessem medir a cooperação internacional em saúde”, explicou a pesquisadora. Todo esse processo de construção dos indicadores e do Framework de Avaliação, passou por rodadas de entrevistas, foi apreciado e avaliado também em um painel de especialistas, os quais incluiu integrantes do Ministério da Saúde com mais de 10 anos de experiência nas temáticas desenvolvidas.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a especificidade do Projeto “Sífilis Não” auxiliou na construção desse modelo, por ter destacado em suas metas, a importância das cooperações internacionais para o fortalecimento de sua execução. “Assim, o artigo mostrou, por meio dos indicadores do framework, que é possível envolver toda uma rede de cooperação internacional, em função de resultados de saúde pública”, enfatizou.
Thaísa Lima ressaltou, também, que o trabalho publicado mostrou não apenas o envolvimento das instituições internacionais com parceiras, mas a sustentabilidade das atividades de cooperação ao longo de toda a execução do Projeto, mantendo o tema da sífilis na agenda dos pesquisadores e fortalecendo o papel da UFRN e do Ministério da Saúde do Brasil como atores chave para a resposta global à sífilis – que atualmente tornou-se um problema de saúde pública em diversos países do mundo.
Almudena Muñoz é pesquisadora do Departamento de Ciências Aplicadas da Comunicação, Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid (UCM), na Espanha e contribuiu para a construção desse trabalho. De acordo com a pesquisadora espanhola, a cooperação científica é essencial para o avanço e progresso das disciplinas científicas que são trabalhadas simultaneamente a partir de diferentes instituições acadêmicas.
Munõz acredita, ainda, que o envolvimento de diversas instituições internacionais em uma mesma pesquisa é muito positivo. “Esse envolvimento permite a criação e solicitação de projetos de pesquisa de organizações governamentais que promovam a cooperação entre a Europa e o Brasil, promovendo o intercâmbio de pesquisadores, publicações conjuntas e um maior intercâmbio de conhecimento internacional”.
Universidade Aberta
Uma das instituições internacionais cooperadas com o LAIS é a Universidade Aberta de Portugal (UAb/PT). Durante a cooperação, que se estende até os dias atuais, diversas pesquisas foram realizadas, com o desenvolvimento de dissertações de mestrados e teses de doutorados. Para Carla Padrel, reitoria da UAb, a internacionalização das instituições de ensino superior é um processo integrado, contínuo e evolutivo que deve abarcar não apenas o ensino e a investigação, mas também a própria gestão da academia. “Em um cenário educacional global, a internacionalização das universidades tem implicações econômicas, sociais, políticas e culturais, e a sua dinâmica levou as universidades a definirem novas políticas e estratégias para fazer face aos desafios da sociedade atual. Neste âmbito, a UAb promove cooperações científicas internacionais direcionadas para a investigação e desenvolvimento, permitindo o intercâmbio de conhecimentos, técnicas, experiências e tecnologias”, argumentou.
Ainda de acordo com Carla Padrel, as cooperações internacionais entre Brasil e Portugal, especificamente, entre a Universidade Aberta (UAb) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por meio do LAIS, desempenham um papel crucial no avanço da investigação e inovação. “Essa parceria facilita a troca de conhecimento e experiências, especialmente no campo da saúde e tecnologia, permitindo o desenvolvimento conjunto de soluções inovadoras. Além disso, promove a formação de profissionais altamente qualificados e contribui para a internacionalização do ensino superior, fortalecendo laços acadêmicos e culturais. Esta colaboração exemplifica o potencial transformador das relações internacionais no contexto acadêmico e científico”, concluiu.
Para Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS, é fundamental criar e fortalecer as redes internacionais de pesquisa para que as nações possam avançar, mais rapidamente, no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Valentim ressaltou, ainda, que essas articulações e cooperações possibilitam aos países superarem, de forma orgânica, as barreiras da endogenia científica – evidencia essa que pode ser observada neste artigo.
“No caso específico da sífilis, o Brasil é atualmente um dos países mais preparados para contribuir com uma resposta global de saúde, graças também a todas essas atividades de cooperações científicas internacionais lideradas pelo LAIS/UFRN”, reforçou Ricardo Valentim que possui pós-doutorado no campo de saúde pública, realizado em uma ação de cooperação internacional.
Trajetória Internacional
O início das cooperações internacionais no Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) foi marcado pela participação de uma comitiva de pesquisadores na Brasil Conference, em 2016, evento promovido na Universidade de Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), organizado por cientistas e pesquisadores brasileiros que fazem parte dessas duas comunidades acadêmicas no exterior. Na ocasião, Ricardo Valentim, apresentou o trabalho que estava sendo feito, à época, e que já produzia impactos no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
Para Ricardo Valentim esse foi um marco especial, por ser um espaço destinado a autoridades e instituições que produzem trabalhos excepcionais e que servem de estudo de caso para a comunidade científica no âmbito dessas duas instituições norte-americanas. “É um espaço de compartilhamento de conhecimento. Foi a partir de 2016, que o LAIS começou a escalar a sua rede internacional de pesquisa. Naquele momento, identificamos que já estávamos com maturidade para construir uma rede internacional de pesquisa horizontal, onde todos ensinam e aprendem, por isso, foi feito um trabalho muito forte neste sentido”, ressaltou.
Com o início do Projeto “Sífilis Não”, as oportunidades para a expansão das cooperações internacionais se fortaleceram e foi necessária a criação do Núcleo de Relações Interinstitucionais no LAIS. A expansão das cooperações científicas internacionais foi tão significativa que hoje o LAIS tem cooperações com instituições de, pelo menos, um país em cada continente, e também o grupo de pesquisa registrado no CNPq, que é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma fundação pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Com a experiência desenvolvida durante esses últimos oito anos, durante as atividades e missões internacionais, o LAIS se tornou Centro Colaborador Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que atua como escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, especificamente, na área de Inovação Tecnológica para Educação em Saúde, confirmando a abrangência e a relevância do Laboratório no contexto da saúde global.
O resultado demonstrado no artigo publicado consolida o trabalho que vem sendo realizado por meio do modelo de cooperação técnico-científica diferente do aplicado em outras instituições no Brasil. “Neste modelo, as Cooperações Científicas Internacionais ocorrem de maneira horizontal, bilateral ou multilateral, logo, articulam-se como redes, que estabelecem networks de pesquisa, para compartilhar e produzir conhecimento de maneira horizontal. Portanto, sem hierarquia, neste modelo, todos ensinam e todos aprendem”, finalizou Ricardo Valentim.
Como citar
Thaisa Gois Farias de Moura Santos Lima, Karilany Dantas Coutinho, Natália Araújo do Nascimento Batista, Ruana Evangelista Galvão, Bruna Fernandes de Araújo, Iasmin Moreira Alves Martins, Luca Pareja Credídio Freire Alves, Manoel H. Romão, Juciano de Sousa Lacerda, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, Aline de Pinho Dias, Priscila Sanara da Cunha, Aliete Cunha Oliveira, António Manuel Rochette Cordeiro, Almudena Muñoz Gallego, Maria Natália Pereira Ramos, Carla Maria Bispo Padrel de Oliveira, Rodrigo Pires de Campos, Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim. International scientific cooperation in public health: A performance measurement framework based on the “Syphilis No!” Project in Brazil”. GHES, X(X), 3037. doi: https://doi.org/10.36922/ghes.3037.
No que diz respeito à cooperação com a OPAS, o LAIS está desenvolvendo cooperação no âmbito da aprendizagem online – com ações realizadas tanto no AVASUS quanto no Campus Virtual da OPAS
Com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) as ações cooperativas envolveram a validação de protótipo para defesa de tese de doutorado, reuniões de alinhamento e acompanhamento de atividades de pesquisa realizadas em cooperação técnica com o MIT. Confira os vídeos abaixo e fique por dentro dessas ações.
Com a Universidade de Harvard a parceria tem sido operacionalizada pela Escola de Saúde Pública T.H Chan e o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da UFRN. As ações estão voltadas para o estudo no campo de Resiliência dos sistemas de saúde.
Com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) as ações cooperativas envolveram a validação de protótipo para defesa de tese de doutorado, reuniões de alinhamento e acompanhamento de atividades de pesquisa realizadas em cooperação técnica com o MIT. Confira os vídeos abaixo e fique por dentro dessas ações.
As ações de cooperação internacional com a John Hopkins University iniciou em 2019, o ponto focal da parceria é o Dr. Lúcio Gama, Diretor de Colaborações Científicas do Centro de Pesquisa de Vacinas (VRC) e representante do Departamento de Patobiologia Molecular e Comparativa da Escola de Medicina Johns Hopkins, com experiência em virologia, biologia molecular e imunologia – mais especificamente em HIV / SIV e células mielóides. Essa cooperação tem por objetivo a expansão de pesquisas acerca de neutralizadores de HIV e Sífilis, além de produções acadêmicas em parceria.
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