Por Valéria Credidio – Assessoria de Comunicação do LAIS/UFRN (ASCOM/LAIS)
Em um país continental, como o Brasil, um dos principais desafios é oferecer atendimento de saúde especializada à população. Um dos instrumentos para concretizar esse tipo de atendimento é o Telessaúde, sistema que garante atendimento de especialidades médicas a moradores de comunidades onde o acesso é restrito. A experiência desenvolvida no Rio Grande do Norte com o Telessaúde é tema do artigo “Núcleo Técnico-científico de Telessaúde do Rio Grande do Norte: uma história de cooperação técnica” publicado na Revista Latino-Americana de Telessaúde, da Universidade Federal de Minas Gerais.
O artigo, de autoria de pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) e do Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (NAVI/IFRN), instituições responsável pelo trabalho no RN, apresenta o Telessaúde enquanto instrumento de cooperação técnica para a melhoria dos serviços de saúde, a exemplo do que ocorre no Rio Grande do Norte. Um dos destaques da publicação é a referência à colaboração do núcleo técnico do RN no cenário nacional, com o desenvolvimento do Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa Telessaúde (SMART), proporcionando a integração dos dados de produção dos núcleos de Telessaúde e otimizando a gestão da política nacional em Telessaúde
Outra colaboração do RN foi a Plataforma Nacional de Telediagnóstico (PNTD) que ampliou a cobertura nacional de diagnósticos e viabilizou a regulação da fila nacional. As duas ferramentas tecnológicas auxiliam as atividades desenvolvidas nas áreas de telerregulação, teleconsultoria, teleconsultas e telediagnóstico. “Tanto o SMART quanto a PNTD são utilizados em todo o Brasil propiciando a melhoria e ampliação dos serviços de saúde”, explicou Higor Morais, pesquisador do NAVI e autor do artigo.
De acordo com os dados apresentados, o Núcleo de Telessaúde do RN, desde sua implantação, em 2020, mais de 140 mil regulações, por meio do RegulaRN. Em teleconsultas, foram registrados atendimentos nas áreas de pediatria, audiologia, psicologia e atendimentos multiprofissionais na Esclerose Lateral Amiotrófica. Foi possível realizar, também, mais de três mil telediagnósticos em audiologia, densitometria óssea e espirometria. “O Núcleo tem contribuído para a transformação digital em saúde no Rio Grande do Norte e a evolução da Telessaúde em âmbito nacional”, reafirmou Higor Morais.
Audição e Linguagem
Para expandir o atendimento realizado, o Núcleo de Telessaúde do RN fez parcerias institucionais. Um exemplo foi o trabalho realizado por pesquisadores da base de Audição e Linguagem, do LAIS, com o Centro SUVAG. A parceria surgiu da necessidade de dar continuidade aos atendimento audiológicos durante do período da pandemia de covid-19, quando o distanciamento social foi determinado pelas autoridades sanitárias.
“Entre os meses de março e abril de 2020 iniciamos o trabalho de telefonoaudiologia, de forma remota, com as consultas de reabilitação auditiva, individuais e em grupo. Ao todo, ultrapassamos 1.500 atendimentos, envolvendo as crianças e apoio aos pais”, explicou a pesquisadora do LAIS e autora do artigo, Joseli Brazorotto
No próprio LAIS, o teleatendimento também acontece, com bebês que apresentam algum risco de desenvolvimento. O trabalho foi iniciado no projeto Bambino, realizando o atendimento de bebês que foram expostos a infecções congênitas, sífilis e outras.
Outro processo que vem sendo realizado é o Televídeo Feedback. Conforme explicado por Brazoroto, os pais são filmados numa teleconsulta síncrona, interagindo com a criança de forma livre ou numa atividade em casa, como, por exemplo, cozinhando ou fazendo alguma coisa dentro do ambiente doméstico ou ainda numa brincadeira livre. O passo seguinte é fazer uma teleconsulta assíncrona, havendo uma análise dessas atividades gravadas. O objetivo é observar como os pais estimulam as crianças em suas atividades cotidianas, com a linguagem adequada e com uma boa interação. Ao final, é feita a devolutiva para a família.
Para avaliar todo o trabalho, há um modelo de telessaúde remoto, alcançando unanimidade entre todas as famílias que participaram avaliaram satisfatoriamente. “O que mais destacam é que as famílias se sentem participantes ativas desse processo de reabilitação dos filhos, colocando em práticas as estratégias de aplicação das técnicas. É um modo deles realmente sentirem que estão botando a mão na massa pelos filhos e isso causa um empoderamento, uma satisfação, uma autoestima maior”, enfatizou a pesquisadora.
Sobre o periódico
A Revista Latino-Americana de Telessaúde é uma publicação quadrimestral da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil e tem como apoio editorial o Centro Nacional de Excelência Tecnológica do México. Foi criada em 2009 e tem como missão divulgar resultados de investigação científica e experiências exitosas em telessaúde, telemedicina, inteligência artificial aplicada à saúde, educação a distância e saúde digital. É uma publicação eletrônica de acesso aberto, que recebe artigos em Português, Espanhol e Inglês.